terça-feira, 24 de novembro de 2009

Patrimônio Cultural e Desenvolvimento Científico no Brasil

As notícias recentes no Brasil de furtos e roubos em museus, bibliotecas e arquivos apontam para a afirmação de um mercado ilegal de bens culturais que se coloca ao lado do comércio ilegal de drogas e armas como as maiores empresas criminosas do planeta. O risco é que a questão da segurança imponha restrições ao acesso de bens culturais. O que a ciência tem que ver com isso? No Brasil, desde a criação do Ministério da Cultura, o patrimônio foi administrativamente desvinculado da educação pública e da ciência. Essa mudança reconheceu a autonomia da cultura em termos de políticas públicas. De outro lado, as leis de incentivo à cultura criaram um ambiente propício ao investimento de iniciativa privada. Além disso, os direitos de propriedade intelectual aprofundaram os laços entre cultura e capital ao agregar valores a produtos e marcas. Em contraposição, as novas mídias confrontam as formas de controle de direitos autorais forçando a ampla apropriação social de bens culturais. Tudo isso indica a necessidade de políticas públicas renovadas para a cultura que confirmem a cultura como um direito que fortalece a cidadania no nosso país. Capaz de oferecer análises sobre a cultura na atualidade, o campo da ciência não tem dado importância aos efeitos das mudanças institucionais da cultura no terreno do desenvolvimento científico. Em geral, pode-se dizer que o campo da ciência se coloca distante das instituições de patrimônio cultural, como se fosse uma questão de outra esfera, naturalizando a divisão administrativa entre o MC&T e o MinC. É preciso sublinhar a importância das instituições de patrimônio cultural como parte da infra-estrutura de pesquisa. Nesse sentido, trata-se de reconhecer que bibliotecas, museus e arquivos são essenciais ao desenvolvimento científico. Toda pesquisa depende de valiosos acervos de bens culturais que integram a esfera das instituições de patrimônio cultural e que condicionam os horizontes do desenvolvimento científico, sobretudo no campo das humanidades. A ameaça à integridade dos acervos (seja por roubos ou pela deterioração) e as imposições às condições de acesso (por falta de infra-estrutura ou pelas restrições impostas por direitos autorais, por exemplo) podem representar obstáculos à pesquisa e ao desenvolvimento científico. Assim, o campo das ciências precisa se comprometer com a defesa de melhores condições de preservação e acesso aos acervos de bibliotecas, arquivos e museus. O MC&T por meio da FINEP está prometendo abrir uma linha de financiamento dirigida à preservação de acervos, favorecendo melhores condições de atendimento à pesquisa e acesso à informação. Seria um modo seguro de expandir a infra-estrutura de pesquisa científica, aproveitando uma base já existente, mas pouco valorizada. Museus importantes ainda não possuem salas e serviços destinados a pesquisadores externos; arquivos não tratam seus acervos em bases de dados informatizadas; e bibliotecas não oferecem máquinas leitoras de microfilmes e estações de leitura de imagens digitais confortáveis à pesquisa científica. Isso cria obstáculos à pesquisa e não permite estabelecer plenamente os canteiros de pesquisa. Defender que o Ministério e as Secretarias de C&T e as agências de fomento à pesquisa dêem atenção à preservação de bens culturais é um modo também de influenciar o trabalho das instituições de patrimônio cultural a serviço da pesquisa. A ciência deveria estar pronta para lançar uma mirada transversal da cultura, ultrapassando as fronteiras estabelecidas pela administração pública. Este enfoque poderia enriquecer a pauta de entidades como a ANPUH que defendem a progresso da ciência. O movimento atual de construção de um Plano Nacional de Cultural pode ser uma oportunidade.
Paulo Knauss é Professor do Departamento de História da UFF e Diretor-Geral do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro
FONTE: Informativo Eletrônico da ANPUH - Nº 02 - 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

PATRIMÔNIO CULTURAL E AS SUAS FUNÇÕES SOCIAIS: A IMPORTÂNCIA DE PRESERVAR

Uanderson Martins Santos - Patrimônio Cultural 2009.2
Graduando em História do DHI-UFS

Qual a importância de preservar o Patrimônio Cultural? Antes disto ser respondido é preciso saber o que é patrimônio?Em primeiro lugar Patrimônio Cultural é tudo aquilo que remete um valor simbólico e histórico, suscitando - em um povo – um sentimento de identificação com um lugar elou tempo. E é a partir deste sentimento que as pessoas deixam de ser anacrônicas e iguais e tornam-se seres ímpares.

A partir desta definição pode-se dizer que a preservação é importante para que estes objetos e manifestações culturais não sejam destruídos ao decorrer do tempo. E é através dela, que as gerações futuras terão acesso ao que ocorreu com o seu povo.

Definidos o termo e a importância, deve-se pensar em algumas maneiras de conservação. Sem dúvida a primeira medida a ser tomada para que proteção aconteça é
a conscientização do maior interessado, a população. Essa conscientização deve ser incentivada pelos docentes em sala de aula (cobrando pesquisas sobre o assunto) e pelos
veículos de comunicação com um espaço voltado à educação das pessoas a respeito deste tema. Dessa forma as pessoas perceberão que são responsáveis pela salvaguarda e
valorização desses bens culturais, tornando-se fiscalizadoras e apreciadoras dos mesmos.

Um fator que precisa-se ressalvar é a função do patrimônio na economia de uma cidade (estado ou país), pois este impulsiona o movimento financeiro principalmente na área do turismo e com isto torna-se também.um gerador de empregos. Outro aspecto interessante é a utilidade dele como fonte histórica, ajudando o historiador a entender os
paradigmas e comportamentos de uma sociedade em uma determinada época.

Dito isto, evidencia-se que o patrimônio cultural tem um papel sócio-educativo e também uma utilidade econômica na vida das pessoas, provando o seu pragmatismo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O VALOR DOS BENS CULTURAIS

Diego Teles de Menezes – I unidade - Patrimônio Cultural 2009-2
Aluno do Curso de Licenciatura em História (DHI-UFS)


Para que se conheça um determinado conglomerado de pessoas, é preciso, prioritariamente, que se observe a produção cultural da sociedade em análise; ou seja, a arte, os costumes, a arquitetura, as leis ou qualquer outra manifestação sentimental que identifique o modo de vida de um povo e que ao mesmo tempo determine a singularidade e os valores humanísticos de uma nação.
Vivendo em sociedade, o ser humano adquiri valores que se expressam pelo conjunto de normas e técnicas de uma cultura e que, de uma forma ou de outra, são difundidas através de diversos meios que acabam por construir a identidade do indivíduo que nela esta inserido e, ao mesmo tempo, está aliado a um corpo comum com outros indivíduos. Ao passo que a noção de identidade nacional é construída, símbolos e representações de um povo são edificados de formas tangíveis ou intangíveis.
O entendimento desse contexto na esfera educacional ainda é bastante precário, e não seria exagero admitir que muitas vezes, nulo. Se o indivíduo compreende, desde os primeiros anos educacionais, que os valores produzidos pela sociedade em que vive o representa diante da imensidão de culturas, o cuidado, o respeito e admiração pelo que foi produzido durante a história de um povo seria perpassado às futuras gerações provocando uma espécie cultura em favor da cultura.
Apesar de leis definirem que a proteção dos bens de valor histórico-artístico e cultural, assim como o impedimento à evasão, destruição e descaracterização serem tarefa do estado, a divulgação desses valores deve-se, prioritariamente, seguir métodos educacionais estabelecidos através de debates em instituições e grupos de pesquisa acerca deste tema, buscando atingir o maior número de cidadãos ofertando-os a consciência da própria busca pela identidade em meio às tentativas de massificar a cultura.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Grande Problema do Patrimônio

Edson Jose Sá Júnior – I Unidade - Patrimônio Cultural 2009.2
Aluno do Curso de Licenciatura em História da UFS

Ao tratar do assunto patrimônio há uma diversidade de idéias tão grande que o conceito remetente à riqueza ou herança transmitida e construída é a mais aceita entre determinados indivíduos e grupos sociais. Entretanto o patrimônio, ou pelo menos seu conceito, é por demais relativo e depende de quem fala e de que ponto de vista fala.

Digamos que uma família tenha dois irmãos e o primogênito no leito de morte do seu avô paterno tenha ganhado do velho homem a caneta a qual ele usou durante toda sua vida ao assinar contratos milionários de sua empresa. O irmão mais novo jamais soube dessa história, contudo sempre observava o irmão mais velho usando uma mesma caneta nos negócios. Esses irmãos discutiram e o mais novo quebrou a caneta que fora do avô sem saber; ao ver o irmão mais velho chorando aos prantos o mais novo foi lhe perguntar o motivo de tanto choro tendo em vista que era apenas uma velha caneta e o primogênito relatou como a adquiriu e ambos choraram por perder tal recordação deixada pelo avô. Como o irmão mais novo poderia preservar algo cujo não conhecia? Esse é um dos problemas do patrimônio, apesar do governo fazer sua parte com leis, institutos e programas se a massa, a grande parte da população não conhecer seus bens, valores ela jamais se conhecerá, jamais reconhecerá a si próprio e não valorizando a si não valorizará a outras culturas.

Um outro problema do patrimônio um tanto diferente do estudado acima, mas não tão longe é que tudo depende do ponto de vista de quem vê. Mesmo o indivíduo conhecendo sua cultura, seus valores, porém ele não valoriza a cultura os patrimônios material e imaterial de outros povos. Pode ser pelo etnocentrismo, uma visão, em termos culturais, pífia onde valoriza-se apenas a sua cultura e a entende como superior a todas outras e há, como também, o relativismo cultural onde todas as culturas são valorizadas e respeitadas. Entretanto mesmo o relativismo cultural sofre com a individualidade , apesar de respeitar outras culturas a valorização é muito relativa e conseqüentemente prejudicada.

Em suma, esses problemas resumem-se em um: Como preservar o patrimônio se não conheço e se não valorizo a minha cultura e outras culturas? Essa é uma pergunta sem resposta que está imersa na intelectualidade humana. Nem Unesco, nem IPHAN pode resolver esse problema, contudo sem a participação das massas tudo algum dia se perderá.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

OS BENS CULTURAIS

Daniel Arruda de Oliveira - I Unidade Patrimônio Cultural 2009.2
Aluno do Curso de Licenciatura em História do DHI - UFS

Para um conceito básico, o bem cultural é um conjunto de manifestações culturais de uma restrita comunidade ou um povoado. Caracterizado por reivindicações, por parte dos mesmos, visando à preservação de artefatos, monumentos, comidas, crenças populares, entre outros.
Em todo o mundo existem estas manifestações. Muitas delas podem e devem ser preservadas. E também há aquelas que são esquecidas e deixadas à toa por falta de consciência dos próprios habitantes que se encontram ao redor deste bem e não enxergam tal riqueza do local onde residem. Esses indivíduos que ignoram a presença de um bem cultural estão de forma indireta, e, muitas das vezes, de forma direta se apagando da visão do mundo globalizado, ou seja, não terão uma memória para que no futuro sejam lembrados por suas gerações. Para que haja a preservação de um bem cultural é preciso que se tenha também uma participação ativa e direta dos indivíduos da comunidade na qual se situa este bem. Ao haver esta interação, pode-se considerar um passo dado para que exista uma valorização monetária e/ou humanitária para caracterizar esta comunidade. Isso só será válido com a vistoria, primeiramente do povo, que chamará a atenção dos seus governantes, que por sua vez encaminhará uma solicitação à UNESCO que irá fazer uma verificação e decidirá se pode ser um Patrimônio Cultural ou não. A UNESCO é o órgão mundial responsável pela aprovação e catalogação de um patrimônio cultural. No Brasil existe o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico-Artístico Nacional) que cataloga os bens culturais e promove os tombamentos nas comunidades. Além disso, os bens culturais possuem várias categorias das quais destacamos os bens pertencentes à natureza, o do saber e saber-fazer e os artefatos que são chamados de Patrimônio Imaterial.
Enfim, existem várias formas de preservar, separar e salvaguardar os bens culturais. E para que isso ocorra é preciso consciência não só por parte do povo e também não só esperar do governo, mas é preciso união de ambas as partes. Esse é o único meio viável para que nós possamos ter uma memória para ser relembrada e uma identidade para sermos reconhecidos em qualquer lugar do mundo contemporâneo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

EDUCAÇÃO DAS MULHERES: HISTÓRIA, MEMÓRIA E MUSEALIZAÇÃO

O primeiro encontro do “Seminário Semestral 2009/2º do Grupo de Estudos e Pesquisas em História das Mulheres” (UFS/CNPq) ocorrerá na próxima sexta-feira, 07 de agosto, no auditório do Museu do Homem Sergipano - MUHSE (Rua Estância, 228, Centro), às 14h. Na ocasião, a mesa-redonda composta pelas professoras Verônica Nunes e Janaína Mello, ambas no curso de Museologia da UFS, discutirá o tema “Olhares da Museologia sobre a Mulher”.

O Seminário se desdobrará ao longo do segundo semestre de 2009 e os encontros mensais ocorrerão sempre no auditório do MUHSE. Estudantes e pesquisadores interessados em História das Mulheres poderão se inscrever e participar do Seminário gratuitamente.

Maiores informações sobre o Seminário e o GEPHIM no blog http://www.gephm-ufs.blogspot.com/ e através do e-mail “samuelalbuquerque@ufs.br”.

domingo, 2 de agosto de 2009

O IPHAN EM LAGARTO

Claudefranklin Monteiro Santos
Professor-Mestre do DHI-UFS

A posse da Profª. Drª Terezinha Alves de Oliva na Superintendência do IPHAN em Sergipe dá novo ânimo às questões que envolvem o patrimônio cultural sergipano. A julgar por sua prodigiosa trajetória, não só como docente e como pesquisadora, mas também quando esteve Diretora do Museu do Homem Sergipano, certamente novos e bons ares vêm por aí pela frente. Há muito que fazer e mudar, mas a capacidade administrativa da historiadora riachãoense renderá frutos incomensuráveis para a nossa cultura tão combalida.
No último dia 27 de julho do corrente ano, esteve em visita oficial a Lagarto o arqueólogo do IPHAN-SE, Dr. Roberto Ribeiro. Durante uma manhã e parte da tarde, sua estada pode deixar uma boa impressão aos lagartenses, sobretudo para aqueles que se dedicam à pesquisa da história e da cultura local. Além disso, parece inaugurar uma nova postura do IPHAN, que pretende dar maior atenção a outros centros de cultura, como a tricentenária cidade de Lagarto.
Ao visitar os subterrâneos da Maternidade Monsenhor Daltro (hoje um Centro de Especialidades Médicas), o arqueólogo constatou o que já havíamos concluído meses antes. A construção encontrada trata-se de uma fossa, estilo vestuário, com galerias, típica dos anos 60 e 70. Notamos que o Prefeito Valmir Monteiro continua firme com a idéia de construir no local um Memorial Subterrâneo que marcará o início das atividades alusivas ao Centenário de Falecimento de João Batista de Carvalho Daltro (1910-2010).
Em passagem pelo antigo Largo do Rosário, constatamos, com pesar, o estado de abandono em que se encontra o antigo Grupo Sílvio Romero, fundado nos anos 20, no então Governo de Graccho Gardoso. O prédio é o único bem cultural tombado pelo patrimônio estadual no município. Não fosse o funcionamento da Biblioteca Municipal José Vicente de Carvalho, a situação seria de total descaso. O Grupo precisa urgentemente de cuidados, pois corre o risco de desabamento.
Nas proximidades do marco fundador e da capela do Povoado Santo Antônio, o arqueólogo pode constatar, preliminarmente, a existência de aldeamento indígena na região e missões religiosas católicas por volta de meados do século XVI. Apesar de a história assim se expressar, o pesquisador do IPHAN afirmou que somente um trabalho mais acurado de arqueologia histórica poderia desvendar novas informações sobre os primórdios de Lagarto.
De qualquer sorte, a visita do Dr. Roberto Ribeiro, como dizem os indianos, foi auspiciosa, pois cria uma ponte entre o IPHAN e o interior do Estado, principalmente os mais desassistidos, como Lagarto, que a exemplo de outros, importantes historicamente, podem contribuir muito ainda em termos de patrimônio cultural.
Fonte:

sexta-feira, 15 de maio de 2009

MUSEUS SERGIPANOS COMEMORAM A 7ª. SEMANA NACIONAL DE MUSEUS

Pelo sétimo ano consecutivo museus em todo o País estarão comemorando a Semana Nacional de Museus. É uma oportunidade para integrar num mesmo objetivo as instituições museais que, através de variada programação, interagem com a sociedade, chamando a atenção para a sua existência, para os serviços que podem oferecer e para debater grandes temas que dizem respeito à sua atuação.
Este ano a temática de debate é “Museus e Turismo”, a ser abordada de diferentes maneiras. Em Sergipe, museus e memoriais públicos e privados uniram-se para realizar um Seminário que terá lugar no Auditório da Biblioteca Pública “Epifânio Dórea”, nos dias 18, 19 e 20, iniciando-se sempre às 18h30min. Dirigido não apenas aos estudantes e profissionais das áreas museológica e de turismo e eventos, mas também aos interessados em geral, o Seminário que trará também apresentações culturais, cumprirá a seguinte programação:

Dia 18 - Abertura

Palestra : Perspectiva da musealização dos atrativos turísticos .
Ministrante – Prof. Dra. Rita Maia Silva (do Curso de Museologia da UFS)
Coordenadora – Profa. Izaura Júlia Oliveira Ramos (Coordenadora de Museus da Secretaria de Estado da Cultura)

Dia 19 – Palestra : Museus e Turismo

Ministrante : Profa. MSc. Verônica Maria Meneses Nunes (Coordenadora do Curso de Museologia da UFS)
Coordenadora : Mus. Fabiana Carnevale Maciel (Diretora do Memorial de Sergipe)

Dia 20 – Mesa Redonda : Os Museus nos roteiros turísticos de Sergipe

Participantes : Emsetur, Abave, Funcaju, Secretaria de Estado da Cultura, Sindicato de Guias de Turismo.
Coordenadora: Prof. Dra. Terezinha Alves de Oliva (Diretora do Museu do Homem Sergipano)

As inscrições poderão ser feitas no local e os participantes terão direito a certificado.

domingo, 26 de abril de 2009

Entenda como funciona o processo de tombamento do patrimônio histórico

Juliana Andrade Enviada especial*


São Cristóvão (SE) - Qualquer pessoa pode tomar a iniciativa de pedir o tombamento de bens de valor cultural, públicos ou privados. O pedido deve ser encaminhado ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no caso de um tombamento federal. Depois de uma avaliação técnica preliminar, o pedido gera a abertura de um processo de tombamento.
Esse processo será analisado pelas unidades técnicas responsáveis pela proteção aos bens culturais brasileiros, como as superintendências regionais, o Departamento de Patrimônio Material e a Procuradoria Jurídica do Iphan. Se for aprovada a intenção de proteger determinado bem, será expedida uma notificação ao proprietário, no caso de bens privados.
A partir daí, o candidato ao tombamento fica sob proteção legal, até que a decisão final seja tomada. Com a notificação, também começa a contar o prazo de 15 dias para o dono pedir a impugnação do processo, caso discorde do pedido, explica a gerente de Proteção do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Jurema Arnaut.
Todas essas questões são analisadas pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, a quem cabe aprovar, ou não, o tombamento. Depois, o ministro da Cultura faz a homologação, cujo ato deve ser publicado no Diário Oficial da União. O processo termina com a inscrição no chamado Livro do Tombo e a comunicação formal do tombamento ao proprietário ou à cidade, se for um bem público.
"Todo processo de tombamento, a instrução dele é técnica, não é burocrática. A burocracia legal é necessária para dar legitimidade ao ato, mas o mais importante é a forma como tecnicamente você justifica o tombamento", destaca a gerente de Proteção do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Jurema Arnaut.
Segundo ela, a duração do processo varia e não é possível definir um prazo para o tombamento ser aprovado. No caso de um local de difícil acesso, por exemplo, o processo costuma ser mais demorado, já que é preciso fazer um estudo técnico no local, explica Arnaut.
De acordo com a gerente, podem ser tombados bens móveis, como o acervo de uma igreja, uma coleção de pinturas, uma escultura, ou imóveis, como uma igreja, uma casa, uma cidade. "Para ser tombado, precisa ser um bem material, ter forma, não pode ser um bem imaterial". Ela explica que outra exceção é para bens estrangeiros.
O tombamento também pode ser um ato do poder público estadual ou municipal, mas, nesses casos, os processos são conduzidos pelos estados e municípios. O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, lembra que o tombamento implica estabelecer regras para a propriedade privada. "Por exemplo, você é proprietário de um determinado imóvel, à medida que ele é protegido, você não pode fazer daquele imóvel o que quiser. Isso estabelece limites entre o desejo pessoal e o desejo coletivo".
De acordo com Jurema Arnaut, o tombamento não deve ser visto como uma medida que "engessa" e "paralisa" uma cidade. Ela pode continuar crescendo, desde que os limites sejam respeitados, segundo a gerente. Ao ser reconhecida como patrimônio histórico do Brasil, a cidade também ganha com o aumento do interesse turístico.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

RENDA IRLANDESA DE SERGIPE É PATRIMÔNIO CULTURAL

O modo de fazer a renda irlandesa, tendo como referência as peças produzidas pelas artesãs do município de Divina Pastora/SE, foi incluído no Livro de Registro dos Saberes e reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A renda irlandesa produzida pelas mulheres de Divina Pastora, bem como em outros municípios de Sergipe, é classificada como do tipo “renda de agulha”. No processo de registro estão listadas duas dezenas de pontos apresentados em mostruário, os quais são nomeados com base na analogia a animais e vegetais que integram o universo das rendeiras, como por exemplo, pé-de-galinha, espinha-de-peixe, aranha, casinha-de-abelha e abacaxi.
A Associação para o Desenvolvimento da Renda de Divina Pastora (Asderen) foi fundada em 2000 com o apoio do Programa Artesanato Solidário e reúne atualmente 87 integrantes. Os pesquisadores, com a colaboração da associação, catalogaram 122 rendeiras entre associadas e não-associadas em Divina Pastora e em outras sete localidades.

Fonte: ascom - Iphan

terça-feira, 14 de abril de 2009

O PATRIMÔNIO CULTURAL LAGARTENSE - Por Floriano Fonseca (músico, historiador lagartense e bancário)

Os estudos sobre a história de Lagarto afirmam a existência de agrupamentos humanos de origem colonialista na atual sede do município, desde a primeira metade do século XVII. Todavia, são poucos os vestígios desse período e a preservação do seu casario, por exemplo, não é notada, vivendo a cidade constantes transformações no que dizem respeito a seus aspectos urbanísticos. Chamaremos de “Centro Histórico”, o grupo de logradouros que compõem o núcleo primitivo da cidade e que seria a partir da Praça do Rosário até a Praça Filomeno Hora. Na Rua Misael Mendonça, ainda é possível notar algumas casas primitivas e do tipo beira-e-bica, sendo que apenas uma delas parece receber tratos para sua conservação. Trata-se da antiga residência da família Dantas cuja construção, segundo inscrição colocada recentemente, seria datada de 1822. Entretanto, tal afirmação carece de verificação e confirmação.
Segundo o escritor e historiador Adalberto Fonseca, a Rua Misael Mendonça teria sido o primeiro logradouro da Vila do Lagarto e seu calçamento, a paralelepípedo, seria fruto da demolição da “pedra do lagarto”, cuja existência serviria de prova ao nome do município. Rua de ligação das estradas que ligavam as diversas vilas do Estado, teve seu nome primitivo de Rua de Fora mudado para Rua de Estância. Após a luta armada ocorrida no Rio de Janeiro, em 1935 e conhecida por Intentona Comunista, quando um militar lagartense foi morto em combate, passou a chamar-se Rua Misael Mendonça, em sua homenagem.
Ao penetrar no arruado do “Centro Histórico”, é possível observar que as casas ganham aspectos cosmopolitas da época em que as platibandas eram símbolo de status, em substituição à beira-e-bica, e construções mais elevadas que trocam o adobe e a taipa pelo tijolo de olaria e pinturas elaboradas, podendo serem observados alguns traços, inclusive, da art nouveau.
Antiga Rua do comércio, a atual Rua Acrísio Garcez, também sofreu mudanças em seu nome: Rua da Vila, Rua Monsenhor Olímpio Campos e Rua Duque de Caxias. Ali viveram importantes cidadãos a exemplo de André Ramos Romero em cuja casa nasceu seu filho Sílvio Romero, o mais ilustre lagartense. A construção primitiva foi demolida e substituída por várias reconstruções.
À medida que se aproximam da Praça da Piedade, as construções ganham volume e tornam-se mais elaboradas em seus elementos decorativos. Recentemente uma importante construção foi demolida (primeiro trimestre de 2008). Trata-se da casa onde viveu o Coronel Acrísio D`Ávila Garcez, político que dominou o município por mais de quatro décadas. Antes de receber o revestimento de azulejos nos anos setenta do século passado, a casa possuía uma pintura decorativa executada à mão, e que era uma característica das mansões e símbolo de status da sociedade local. Quando da sua demolição alguns, aspectos de sua construção foram mostrados, a exemplo do madeiramento interno que servia de argolamento e sustentação às largas paredes de tijolos do velho casarão. Em nenhum instante, houve qualquer manifestação contra sua demolição, nem mesmo pelos antigos correligionários do líder político já falecido.
A Praça da Piedade, no início do século XX, ainda possuía muitas casas de beira-e-bica, mas, algumas décadas após, estaria repleta de belos casarões, inclusive de um sobrado com sacadas de ferro. As transformações econômicas do município levaram a sua quase total transformação com reconstruções do seu casario. Até mesmo a Igreja Matriz sofreu importantes transformações quando em 1928, o então pároco Monsenhor Marinho iniciou reformas que modificaram completamente o santuário. Antes, havia arcos externos e dois pequenos claustros que foram fechados para ampliar a área interna, e dois altares foram construídos nas laterais dando um formato de cruz ao templo. Atualmente, existem apenas algumas poucas casas que guardam seus aspectos primitivos. Surpreendentemente, o poder público municipal, pela primeira vez, manifestou alguma preocupação na manutenção do aspecto arquitetônico ao mandar restaurar a frente de uma casa recentemente adquirida pelo município e que será um anexo da prefeitura. O trabalho de restauração tem mostrado em sua pintura os mesmos aspectos da casa do Cel. Acrísio Garcez e chamado atenção de curiosos e estudantes.
Ainda na Praça da Piedade é possível observar uma das duas únicas casas da cidade, com suas paredes cobertas de azulejos portugueses. Atualmente pertencente à paróquia, o imóvel possui características interessantes por ter seu piso de assoalho de madeira, característica incomum no município e somente encontrado no prédio do antigo Grupo Sílvio Romero e na residência de Jose Marcelino Prata, na Av. Presidente Vargas. Outrora pertencente ao Dr. João Almeida Rocha, que desejando ver sua preservação, resolveu vendê-lo à Igreja por um valor inferior ao de mercado, para que pudesse ser preservado. Certamente será um dos poucos imóveis a sobreviver à faina modernista do lagartense, uma vez que já sofreu restaurações sem perder suas características originais. Apesar da raridade dos seus azulejos, a casa paroquial, ao contrario da outra residência com paredes cobertas por esse tipo de cerâmica, possui seu telhado de beira-e-bica e janelas e porta arredondadas.
Um dos belos aspectos que é possível se notar nas residências que ainda sobrevivem à demolição, são os imponentes frontais com sancas, frisos e molduras que lembram brasões do império e, em alguns casos, há gárgulas estilizadas ou motivos florais. Exemplares desse tipo de arquitetura ainda são encontrados em quase todas as ruas do “Centro Histórico” a exemplo da Rua Etelvino Dantas, Praça da Piedade e Rua Cel. Souza Freire. Parece haver preocupação dos seus proprietários em manter os aspectos originais, independente da existência de quaisquer benefícios ou leis de proteção.
Em todo o antigo centro comercial da cidade, que se estendia da rua D. Pedro II até a Praça Filomeno Hora, o aspecto do casario raramente era modificado, mantendo-se sempre o aspecto neoclássico da platibanda. Em ambos os logradouros as transformações das residências em prédios comerciais modificaram a quase totalidade dos imóveis, ficando apenas os frontais e alguns raros prédios com suas características iniciais. Em nenhum dos casos, seus aspectos arquitetônicos foram aproveitados como ocorre em diversas cidades que valorizam o patrimônio como elemento característico e identificador.
Dos monumentos sob a custódia do Estado e Município, é possível notar que sua preservação é discutível quanto à responsabilidade e utilidade por parte do poder público. A prefeitura por ser o mais importante órgão do município mantém seu prédio com relativa preservação, ainda que, na parte interna, suas divisões em nada se pareçam com as do projeto inicial, enquanto seu exterior ainda tem as mesmas características de sua construção. Erigido no local da antiga “cadeia” do município, o Grupo Sílvio Romero que pertence ao Estado, ainda preserva no seu portal a águia, símbolo máximo da Administração de Gracho Cardoso. No início dos anos noventa do século passado, quase ruiu quando seu telhado foi retirado e por muitos anos ficou ao relento, inclusive apodrecendo todo seu assoalho de madeira, além de se demolirem os sanitários que ficavam num anexo na parte detrás do prédio. Atualmente, naquele local, funciona a biblioteca municipal. Entretanto, o perigo sempre ronda o prédio, pois não há proteção contra possíveis incêndios que o levariam à ruína e, pelo histórico do município, dificilmente seria reconstruído.
O cadastro do que ainda existe do patrimônio material de Lagarto, urge ser realizado, uma vez que, somente através de ações populares poderia ser salvo da ação predatória do poder público e de particulares que não possuem qualquer compromisso com sua preservação. Esse tipo de ação poderia provocar a Câmara Municipal a criar uma lei de proteção e regulamentação do patrimônio histórico do município. Enquanto essa ação não ocorrer, incontáveis monumentos serão demolidos calando a história e impedindo as gerações futuras de conhecerem seu passado. Os exemplos aqui mostrados não significam a totalidade do que ainda existe ou foi demolido, mas apenas um recorte da beleza do que se foi e do que poderia ser a Lagarto do futuro.

domingo, 12 de abril de 2009

A lei do patrimônio imaterial e a cultura popular no Brasil: o caso das paneleiras de barro em Goiabeiras Velha, Vitória do Espírito Santo

"A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas e também os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados e as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos que se reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural".
Por André Malverdes
(leia matéria completa em http://www.asocarchi.cl/DOCS/25.PDF)

Patrimônio Imaterial Nacional: preservando memórias ou construíndo histórias?

Este texto tem como objetivo tecer algumas reflexões sobre a atribuição do título de Patrimônio Nacional Imaterial aos saberes, modos de fazer e viver de alguns grupos localizados em diferentes regiões do Brasil. O objeto de discussão são os bens imateriais já patrimonializados e considerados de relevância nacional para a construção da memória, da identidade e da formação da sociedade brasileira. Na tentativa de contribuir para a discussão, defendemos que a patrimonialização de bens imateriais não diz respeito somente ao registro e a preservação dos costumes, dos modos de fazer e saber de um grupo ou comunidade, mas significa uma intervenção em todo um conjunto de relações concreta e imediatamente vividas por esses grupos e comunidades. Enquanto saberes locais, costumes, modos de viver e fazer dos grupos, se enraízam e se reconstroem nos espaços a que pertencem, nas relações afetivas, nas experiências vivenciadas e nas memórias dos grupos que as mantém.
Por Marli Lopes da Costa e Ricardo Vieiralves de Castro

PATRIMÔNIO IMATERIAL: NOVAS LEIS PARA PRESERVAR... O QUÊ?

"Quando falamos em patrimônio, estamos nos referindo a uma porção de coisas consagradas
e que têm grande valor para pessoas, comunidades ou nações. E também de coisas que
podem ter valor para todo o conjunto da humanidade. A idéia remete à riqueza construída e
transmitida, herança ou legado que influencia o modo de ser e a identidade dos indivíduos e
grupos sociais".
Por Letícia Vianna
ler texto completo em

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Curso de Arquivologia

O Instituto Dom Luciano Duarte estará promovendo, entre os dias 13 e 17 de abril (das 18:00 às 22:00 horas), Curso de Arquivologia (Extensão), ministrado pela Profª Verônica Nunes. Maiores detalhes, ligar para os telefones: 3211-5872 ou 9981-4042.

O Arquivo Público enquanto lugar de memória

O texto visa trabalhar o Arquivo Público do Distrito Federal enquanto lugar de
memória, constituído com a finalidade de preservar determinadas memórias, procurando
compreender os critérios adotados pela instituição na seleção do que deve ser preservado
sobre a memória da nova capital. Procura perceber o papel do arquivo não apenas como
guardião, mas também como produtor de memória, o que é feito muito claramente pelos
projetos de história oral que desenvolvem, e neste sentido, faz uma análise do Projeto
Memória da Construção de Brasília.

Por Maria Juvanete Ferreira da Cunha Pereira

Lugares de memória...memórias de um lugar

O lugar é o redimensionamento do espaço de sensações, afeição e referência da experiência vivida.

Por Cyntia Andrade
(ver matéria completa em http://www.pasosonline.org/Publicados/6308/PS0308_13.pdf)

Lugares de memória ou a prática de preservar

Este trabalho apresenta as noções que unem a idéia de patrimônio, como preservador de uma memória, e do espaço, como veiculador da mesma, o que gera o uso da categoria "lugares de memória" que observa o espaço físico (material) como suporte para a formação de uma memória coletiva (imaterial).
Utilizaremos para tanto da análise de Nora sobre esta categoria, e exemplificaremos este uso na política preservacionista brasileira com o estudo da primeira ação do IPHAN no qual se utiliza a noção de espaço como portador de um bem imaterial: a preservação do terreiro Casa Branca em Salvador no ano de 1984.
Por Marcia Conceição da Massena Arévalo (ver matéria completa em http://www.anpuh.uepg.br/historia-hoje/vol3n7/marcia.htm)

domingo, 29 de março de 2009

Memória e cultura material: documentos pessoais no espaço público

"A bibliografia recente sobre memória tem investigado de maneira fragmentária e tímida o
papel central dos objetos materiaisii nos processos de rememoração, que ocorrem num universo
que é tanto de palavras quanto de coisas. Já anteriormente se havia ressaltado a dimensão
corporal da memória. Edward Casey (1987) talvez tenha sido um dos autores mais influentes a
fixar, com ênfase, a noção de body memory, como também a questionar a assimetria entre as
representações mentais e materiais e o primado das primeiras (verbais ou imagísticas) como
mediadoras da memória".

Por Ulpiano T. Bezerra de Meneses
ver artigo compleo em http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/238.pdf

Edifício Estado de Sergipe Urge Atenção

Desejo tratar de um assunto que a imprensa não deu importância : a preservação do patrimônio arquitetônico do Ed. Estado de Sergipe. Há duas semanas que tento chamar a atenção dos órgãos de comunicação do estado para a destruição do patrimônio arquitetônico que está sendo feita na entrada do prédio "Maria Feliciana" ou Edifício Estado de Sergipe. Construído em 1969, esse edifício completa agora 40 anos ainda em bom estado de conservação.Este ed. está passando por uma reforma que começa com a destruição da fachada do prédio revestida por azulejos e mármore de 40 anos de história. No lugar destes vão ser colocados novos porcelanatos. Ressalta-se que os azulejos estão tão bem assentados na parede, que a solução da "inteligente"arquiteta, foi de riscá-los e assentar os novos por cima ! Quanto as pedras de mármores, retiradas inteiras, não se sabe o destino. Algumas perguntas mereceriam respostas, creio:onde está a ção do estado já que o prédio pertence ao governo estadual? por que em tempos de crise se faz uma reforma sem necessidade comm um prédio em tão boas condições? Para nós, resta a constatação do que dizia nossa profª de Cultura Brasileira: " Aracaju não tem mémória" .Vejo para nós inconformados uma solução: fazer turismo por aí a fora para admirar a cultura da preservação e do respeito que os seus antepassados deixaram, e aprender e ensinar que sem memória não se tem história, não se tem identidade.

Rita Barbosa - cidadania_sergipe@yahoogrupos.com.br (29 de março de 2009).

quarta-feira, 25 de março de 2009

A Importância de Preservar

Veja o vídeo da Globo.com sobre a Importância de se Preservar o Patrimônio Histórico

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM889864-7823-A+IMPORTANCIA+DE+PRESERVAR+O+PATRIMONIO+HISTORICO,00.html


PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICO COM ÊNFASE NA HIGIENIZAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS TEXTUAIS

A conservação dos acervos e documentos em suporte de papel tem preocupado
bibliotecas e arquivos sempre às voltas com a deterioração desse patrimônio e a
precariedade em que se encontram esses acervos. Isso é o que nos leva a enfatizar a
importância de adotar uma política de preservação. Este trabalho objetiva oferecer
informações sobre a necessidade de se adotar uma política de preservação, no tocante
às medidas preventivas, dentre elas, a higienização. Observa-se a ausência de material
didático, pois a abordagem teórica encontrada em várias literaturas não é suficiente para
uma aplicação prática. Através de técnicas simples e de fácil aplicação, demonstramos
uma série de procedimentos básicos sobre as etapas da higienização. Para que haja a
preservação do Patrimônio Bibliográfico e Documental é necessário estender a vida útil
desses documentos.
por Marina Mayumi Yamashita e Fátima Aparecida Colombo Paletta

domingo, 22 de março de 2009

Bens Culturais segundo o IPHAN

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, desde sua criação, em 1937, trabalha com um universo diversificado de bens culturais, classificados segundo sua natureza nos quatro livros do Tombo:

1) Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
2) Livro do Tombo Histórico
3) Livro do Tombo das Belas Artes
4) Livro das Artes Aplicadas

Suas ações voltadas à identificação, documentação, restauração, conservação, preservação, fiscalização e difusão, estão calcadas em legislações específicas sobre cada um dos temas pertinentes ao seu universo de atuação:

Bens imóveis - núcleos urbanos, - sitios arqueológicos e paisagísticos, - bens individuais.

Bens móveis - coleções arqueológicas, - acervos museológicos, - documentais, - arquivísticos, - bibliográficos, - videográficos, - fotográficos e - cinematográficos.

fonte: http://portal.iphan.gov.br

Os nossos bens culturais

Emir Sader
A crise brasileira é econômica, porque os recursos existem, inclusive a força de trabalho, assim como as necessidades, mas falta o essencial para grande parte da população. O que significa que é a forma de organização da economia - em função do lucro e não das necessidades das pessoas - que está errada e provoca as sucessivas crises da economia brasileira.
A crise brasileira é também social, porque uma pequena minoria se apropria da maior parte da riqueza existente, relegando a maioria a um nível de vida precário, à forme e à miséria.
A crise brasileira é política, porque a elite que exerce o poder o faz para perpetuar a dominação da maioria pela minoria.
Mas a crise brasileira é também cultural, não apenas porque os grandes meios de produção de cultura são apropriados pela mesma minoria que detêm grande parte da riqueza e se vale do poder para se perpetuar como classe dominante, mas também porque o conjunto dessas crises expropria os brasileiros da capacidade de se pensar a si mesmos, de raciocinar como povo e como país.
A cultura serve, entre outras coisas, para que as pessoas possam pensar o significado das coisas. Quem produz cultura impõe o significado que deseja aos fenômenos, às coisas, às próprias pessoas.
O capitalismo deseja que os bens culturais sejam mercadorias como as outras, que possam ser comprados e vendidos e que os que têm mais riqueza assim possam ser os senhores do significado das coisas. Por exemplo, podem fazer crer que as pessoas valem o que o "mercado" diz que elas valem e que os salários ou os lucros que cada um recebe representaria "o valor" de cada pessoa. Assim, quando uma pessoa está desempregada, a sociedade lhe estaria dizendo que ela "não vale nada", já que ninguém se disporia a pagar nada por ela.
Mas os bens culturais não são mercadorias como as outras. São eles que permitem que uma pessoa se pense como ser humano, que um país possa refletir sobre o significado de sua história, que o mundo possa refletir sobre o sentido do mundo e da vida das pessoas.
A crise brasileira é cultural, porque as identidades, os significados que querem nos impor - os do "mercado" - não explicam o valor da vida humana, o valor dos afetos, o valor da solidariedade, o valor do país, o valor da sociedade, o valor da música, da literatura, da arte. Só nos dão os preços, dizendo que eles definem o valor de cada coisa.
No entanto, a cultura de um povo é o bem que pode permitir que as pessoas pensem o significado do que fazem, das relações entre os seres humanos, a trajetória histórica que constrói um país e uma nação. São portanto bens inalienáveis, que dinheiro nenhum pode comprar. Por isso faz parte da nossa luta democrática e popular, por uma sociedade justa e humanista, apropriar-nos do direito de escrever e publicar o resultado da reflexão sobre a nossa vida, sobre a nossa história. Para isso precisamos proteger nossa cultura como um dos bens fundamentais que dão sentido à nossa vida, a nós como seres humanos, a nós como povo, como país e como participantes da humanidade.

quinta-feira, 19 de março de 2009

MEU REINO - Biquini Cavadão

Atrás da porta
Guardo os meus sapatos
Na gaveta do armário
Coloco minhas roupas
Na estante da sala
Vejo muitos livros
E a geladeira conserva o sabor das refeições
Minha casa é meu reino
Mas eu preciso de outros sapatos
De outras roupas, outros temperos
Para formar minhas ideias e meus sentimentos
Eu sou a soma de tudo que vejo
E minha casa é um espelho
Onde a noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas
Sem saber porque
É porque trago tudo de fora
Violência e dúvida, dinheiro e fé
Trago a imagem de todas as ruas por onde passo
E de alguém que nem sei quem é
E que provavelmente eu não vou mais ver
Mas mesmo assim ela sorriu pra mim
Ela sorriu e ficou na minha casa que é meu reino
É porque trago tudo de fora
E minha casa é um espelho
Trago a imagem de todas as ruas
Eu sou a soma de tudo que vejo
Mas mesmo assim, ela sorriu pra mim
Ela sorriu e ficou na minha casa que é meu reino

CONSTRUINDO O CONCEITO DE PATRIMÔNIO

"Podemos dizer que patrimônio cultural é o conjunto de relatos materiais e imateriais que compõem uma memória coletiva das sociedades. Porém, objetos, construções, costumes só se constituem como signos culturais quando "alguém" os encara dessa forma. O patrimônio, portanto, surge de uma atribuição de valor, ou seja, depende de um olhar crítico. Mas se a crescente preocupação com a proteção dos patrimônios culturais reflete, evidentemente, o grande desejo de valorizar as memórias coletivas, não deve ser entendida como uma nostálgica volta ao passado ou uma recusa em se viver o nosso tempo. Daí o conceito de patrimônio cultural estar cada vez mais ligado às necessidades atuais de melhoria da vida nas cidades, dando forma a ações de peso político decisivo. Mais que salvaguarda de resquícios do passado, a proteção do patrimônio cultural é um trabalho de reapropriação, restituição e reabilitação do próprio presente, com vistas a um futuro de relações sociais mais justas".
"O conceito de patrimônio hoje é bastante abrangente, e considera tudo aquilo que diz respeito
a cultura de um grupo, de uma coletividade. Mas essa discussão durante muito tempo ficou
restrita ao meio acadêmico e profissional, aos órgãos da área e especialistas que definiam e a
selecionavam o que consideravam ser patrimônio. Nas últimas décadas ocorreram mudanças
conceituais que serviram para ampliar essa noção. O conceito é sempre rediscutido, reavaliado,
mas a mudança é absorvida lentamente tanto pelas instituições de proteção como pela sociedade.
Esse processo de mudança precisa chegar mais rapidamente ao sujeito que está fora dessa
discussão, o cidadão comum, uma vez que é o principal constituidor desse bem, pois não justifica
discutir, selecionar e divulgar aquilo que é patrimônio se este não é reconhecido por sua
comunidade". Daise Aparecida Palhares Diniz Silva

quinta-feira, 12 de março de 2009

Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não renovável

Por Silvia Helena Zanirato e Wagner Costa Ribeiro
Nos últimos anos, o conceito "patrimônio cultural" adquiriu um peso significativo no mundo ocidental. De um discurso patrimonial referido aos grandes monumentos artísticos do passado, interpretados como fatos destacados de uma civilização, se avançou para uma concepção do patrimônio entendido como o conjunto dos bens culturais, referente às identidades coletivas. Desta maneira, múltiplas paisagens, arquiteturas, tradições, gastronomias, expressões de arte, documentos e sítios arqueológicos passaram a ser reconhecidos e valorizados pelas comunidades e organismos governamentais na esfera local, estadual, nacional ou internacional.
Os bens materiais e imateriais, tangíveis e intangíveis que compreendem o patrimônio cultural são considerados "manifestações ou testemunho significativo da cultura humana", reputados como imprescindíveis para a conformação da identidade cultural de um povo. Em se tratando do patrimônio natural, a avaliação é ainda maior, posto que a salvaguarda dos recursos materiais e do conhecimento tradicional sobre os usos desses recursos é tida como essencial para a garantia de uma vida digna para a população humana. Apesar disso, outros interesses são identificados na conservação do patrimônio natural, em especial a intenção de reservar informação genética nas áreas protegidas para uso futuro.
Não obstante, há menos de um século o patrimônio compreendia os monumentos nacionais, considerados por critérios estéticos ou históricos, que explicitavam a importância que uma obra ou um objeto adquiria diante do desenvolvimento da arte ou da história.
Tais alterações no entendimento do conceito nos incitam a refletir acerca dos caminhos trilhados nesse processo, de forma a estabelecer relações entre as transformações a respeito do que se entende por cultura e as modificações na categoria patrimônio. Outrossim, procuramos mostrar a aplicabilidade do conceito nas regulações produzidas em escala internacional, por organismos multilaterais, em especial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura — Unesco, e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, no que diz respeito às políticas de proteção do que se convencionou como patrimônio cultural.