domingo, 29 de março de 2009

Memória e cultura material: documentos pessoais no espaço público

"A bibliografia recente sobre memória tem investigado de maneira fragmentária e tímida o
papel central dos objetos materiaisii nos processos de rememoração, que ocorrem num universo
que é tanto de palavras quanto de coisas. Já anteriormente se havia ressaltado a dimensão
corporal da memória. Edward Casey (1987) talvez tenha sido um dos autores mais influentes a
fixar, com ênfase, a noção de body memory, como também a questionar a assimetria entre as
representações mentais e materiais e o primado das primeiras (verbais ou imagísticas) como
mediadoras da memória".

Por Ulpiano T. Bezerra de Meneses
ver artigo compleo em http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/238.pdf

Edifício Estado de Sergipe Urge Atenção

Desejo tratar de um assunto que a imprensa não deu importância : a preservação do patrimônio arquitetônico do Ed. Estado de Sergipe. Há duas semanas que tento chamar a atenção dos órgãos de comunicação do estado para a destruição do patrimônio arquitetônico que está sendo feita na entrada do prédio "Maria Feliciana" ou Edifício Estado de Sergipe. Construído em 1969, esse edifício completa agora 40 anos ainda em bom estado de conservação.Este ed. está passando por uma reforma que começa com a destruição da fachada do prédio revestida por azulejos e mármore de 40 anos de história. No lugar destes vão ser colocados novos porcelanatos. Ressalta-se que os azulejos estão tão bem assentados na parede, que a solução da "inteligente"arquiteta, foi de riscá-los e assentar os novos por cima ! Quanto as pedras de mármores, retiradas inteiras, não se sabe o destino. Algumas perguntas mereceriam respostas, creio:onde está a ção do estado já que o prédio pertence ao governo estadual? por que em tempos de crise se faz uma reforma sem necessidade comm um prédio em tão boas condições? Para nós, resta a constatação do que dizia nossa profª de Cultura Brasileira: " Aracaju não tem mémória" .Vejo para nós inconformados uma solução: fazer turismo por aí a fora para admirar a cultura da preservação e do respeito que os seus antepassados deixaram, e aprender e ensinar que sem memória não se tem história, não se tem identidade.

Rita Barbosa - cidadania_sergipe@yahoogrupos.com.br (29 de março de 2009).

quarta-feira, 25 de março de 2009

A Importância de Preservar

Veja o vídeo da Globo.com sobre a Importância de se Preservar o Patrimônio Histórico

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM889864-7823-A+IMPORTANCIA+DE+PRESERVAR+O+PATRIMONIO+HISTORICO,00.html


PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICO COM ÊNFASE NA HIGIENIZAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS TEXTUAIS

A conservação dos acervos e documentos em suporte de papel tem preocupado
bibliotecas e arquivos sempre às voltas com a deterioração desse patrimônio e a
precariedade em que se encontram esses acervos. Isso é o que nos leva a enfatizar a
importância de adotar uma política de preservação. Este trabalho objetiva oferecer
informações sobre a necessidade de se adotar uma política de preservação, no tocante
às medidas preventivas, dentre elas, a higienização. Observa-se a ausência de material
didático, pois a abordagem teórica encontrada em várias literaturas não é suficiente para
uma aplicação prática. Através de técnicas simples e de fácil aplicação, demonstramos
uma série de procedimentos básicos sobre as etapas da higienização. Para que haja a
preservação do Patrimônio Bibliográfico e Documental é necessário estender a vida útil
desses documentos.
por Marina Mayumi Yamashita e Fátima Aparecida Colombo Paletta

domingo, 22 de março de 2009

Bens Culturais segundo o IPHAN

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, desde sua criação, em 1937, trabalha com um universo diversificado de bens culturais, classificados segundo sua natureza nos quatro livros do Tombo:

1) Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
2) Livro do Tombo Histórico
3) Livro do Tombo das Belas Artes
4) Livro das Artes Aplicadas

Suas ações voltadas à identificação, documentação, restauração, conservação, preservação, fiscalização e difusão, estão calcadas em legislações específicas sobre cada um dos temas pertinentes ao seu universo de atuação:

Bens imóveis - núcleos urbanos, - sitios arqueológicos e paisagísticos, - bens individuais.

Bens móveis - coleções arqueológicas, - acervos museológicos, - documentais, - arquivísticos, - bibliográficos, - videográficos, - fotográficos e - cinematográficos.

fonte: http://portal.iphan.gov.br

Os nossos bens culturais

Emir Sader
A crise brasileira é econômica, porque os recursos existem, inclusive a força de trabalho, assim como as necessidades, mas falta o essencial para grande parte da população. O que significa que é a forma de organização da economia - em função do lucro e não das necessidades das pessoas - que está errada e provoca as sucessivas crises da economia brasileira.
A crise brasileira é também social, porque uma pequena minoria se apropria da maior parte da riqueza existente, relegando a maioria a um nível de vida precário, à forme e à miséria.
A crise brasileira é política, porque a elite que exerce o poder o faz para perpetuar a dominação da maioria pela minoria.
Mas a crise brasileira é também cultural, não apenas porque os grandes meios de produção de cultura são apropriados pela mesma minoria que detêm grande parte da riqueza e se vale do poder para se perpetuar como classe dominante, mas também porque o conjunto dessas crises expropria os brasileiros da capacidade de se pensar a si mesmos, de raciocinar como povo e como país.
A cultura serve, entre outras coisas, para que as pessoas possam pensar o significado das coisas. Quem produz cultura impõe o significado que deseja aos fenômenos, às coisas, às próprias pessoas.
O capitalismo deseja que os bens culturais sejam mercadorias como as outras, que possam ser comprados e vendidos e que os que têm mais riqueza assim possam ser os senhores do significado das coisas. Por exemplo, podem fazer crer que as pessoas valem o que o "mercado" diz que elas valem e que os salários ou os lucros que cada um recebe representaria "o valor" de cada pessoa. Assim, quando uma pessoa está desempregada, a sociedade lhe estaria dizendo que ela "não vale nada", já que ninguém se disporia a pagar nada por ela.
Mas os bens culturais não são mercadorias como as outras. São eles que permitem que uma pessoa se pense como ser humano, que um país possa refletir sobre o significado de sua história, que o mundo possa refletir sobre o sentido do mundo e da vida das pessoas.
A crise brasileira é cultural, porque as identidades, os significados que querem nos impor - os do "mercado" - não explicam o valor da vida humana, o valor dos afetos, o valor da solidariedade, o valor do país, o valor da sociedade, o valor da música, da literatura, da arte. Só nos dão os preços, dizendo que eles definem o valor de cada coisa.
No entanto, a cultura de um povo é o bem que pode permitir que as pessoas pensem o significado do que fazem, das relações entre os seres humanos, a trajetória histórica que constrói um país e uma nação. São portanto bens inalienáveis, que dinheiro nenhum pode comprar. Por isso faz parte da nossa luta democrática e popular, por uma sociedade justa e humanista, apropriar-nos do direito de escrever e publicar o resultado da reflexão sobre a nossa vida, sobre a nossa história. Para isso precisamos proteger nossa cultura como um dos bens fundamentais que dão sentido à nossa vida, a nós como seres humanos, a nós como povo, como país e como participantes da humanidade.

quinta-feira, 19 de março de 2009

MEU REINO - Biquini Cavadão

Atrás da porta
Guardo os meus sapatos
Na gaveta do armário
Coloco minhas roupas
Na estante da sala
Vejo muitos livros
E a geladeira conserva o sabor das refeições
Minha casa é meu reino
Mas eu preciso de outros sapatos
De outras roupas, outros temperos
Para formar minhas ideias e meus sentimentos
Eu sou a soma de tudo que vejo
E minha casa é um espelho
Onde a noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas
Sem saber porque
É porque trago tudo de fora
Violência e dúvida, dinheiro e fé
Trago a imagem de todas as ruas por onde passo
E de alguém que nem sei quem é
E que provavelmente eu não vou mais ver
Mas mesmo assim ela sorriu pra mim
Ela sorriu e ficou na minha casa que é meu reino
É porque trago tudo de fora
E minha casa é um espelho
Trago a imagem de todas as ruas
Eu sou a soma de tudo que vejo
Mas mesmo assim, ela sorriu pra mim
Ela sorriu e ficou na minha casa que é meu reino

CONSTRUINDO O CONCEITO DE PATRIMÔNIO

"Podemos dizer que patrimônio cultural é o conjunto de relatos materiais e imateriais que compõem uma memória coletiva das sociedades. Porém, objetos, construções, costumes só se constituem como signos culturais quando "alguém" os encara dessa forma. O patrimônio, portanto, surge de uma atribuição de valor, ou seja, depende de um olhar crítico. Mas se a crescente preocupação com a proteção dos patrimônios culturais reflete, evidentemente, o grande desejo de valorizar as memórias coletivas, não deve ser entendida como uma nostálgica volta ao passado ou uma recusa em se viver o nosso tempo. Daí o conceito de patrimônio cultural estar cada vez mais ligado às necessidades atuais de melhoria da vida nas cidades, dando forma a ações de peso político decisivo. Mais que salvaguarda de resquícios do passado, a proteção do patrimônio cultural é um trabalho de reapropriação, restituição e reabilitação do próprio presente, com vistas a um futuro de relações sociais mais justas".
"O conceito de patrimônio hoje é bastante abrangente, e considera tudo aquilo que diz respeito
a cultura de um grupo, de uma coletividade. Mas essa discussão durante muito tempo ficou
restrita ao meio acadêmico e profissional, aos órgãos da área e especialistas que definiam e a
selecionavam o que consideravam ser patrimônio. Nas últimas décadas ocorreram mudanças
conceituais que serviram para ampliar essa noção. O conceito é sempre rediscutido, reavaliado,
mas a mudança é absorvida lentamente tanto pelas instituições de proteção como pela sociedade.
Esse processo de mudança precisa chegar mais rapidamente ao sujeito que está fora dessa
discussão, o cidadão comum, uma vez que é o principal constituidor desse bem, pois não justifica
discutir, selecionar e divulgar aquilo que é patrimônio se este não é reconhecido por sua
comunidade". Daise Aparecida Palhares Diniz Silva

quinta-feira, 12 de março de 2009

Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não renovável

Por Silvia Helena Zanirato e Wagner Costa Ribeiro
Nos últimos anos, o conceito "patrimônio cultural" adquiriu um peso significativo no mundo ocidental. De um discurso patrimonial referido aos grandes monumentos artísticos do passado, interpretados como fatos destacados de uma civilização, se avançou para uma concepção do patrimônio entendido como o conjunto dos bens culturais, referente às identidades coletivas. Desta maneira, múltiplas paisagens, arquiteturas, tradições, gastronomias, expressões de arte, documentos e sítios arqueológicos passaram a ser reconhecidos e valorizados pelas comunidades e organismos governamentais na esfera local, estadual, nacional ou internacional.
Os bens materiais e imateriais, tangíveis e intangíveis que compreendem o patrimônio cultural são considerados "manifestações ou testemunho significativo da cultura humana", reputados como imprescindíveis para a conformação da identidade cultural de um povo. Em se tratando do patrimônio natural, a avaliação é ainda maior, posto que a salvaguarda dos recursos materiais e do conhecimento tradicional sobre os usos desses recursos é tida como essencial para a garantia de uma vida digna para a população humana. Apesar disso, outros interesses são identificados na conservação do patrimônio natural, em especial a intenção de reservar informação genética nas áreas protegidas para uso futuro.
Não obstante, há menos de um século o patrimônio compreendia os monumentos nacionais, considerados por critérios estéticos ou históricos, que explicitavam a importância que uma obra ou um objeto adquiria diante do desenvolvimento da arte ou da história.
Tais alterações no entendimento do conceito nos incitam a refletir acerca dos caminhos trilhados nesse processo, de forma a estabelecer relações entre as transformações a respeito do que se entende por cultura e as modificações na categoria patrimônio. Outrossim, procuramos mostrar a aplicabilidade do conceito nas regulações produzidas em escala internacional, por organismos multilaterais, em especial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura — Unesco, e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, no que diz respeito às políticas de proteção do que se convencionou como patrimônio cultural.