domingo, 12 de dezembro de 2010

O DESAFIO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO TEMPO PRESENTE

Thaise dos Santos Silva (Patrimônio Cultural do Curso de História da UFS - 2010.2)
A história do Tempo Presente é muitas vezes, confundida com a História Imediata, mas embora não pareça, há muitas diferenças entre elas, como por exemplo, sua função. A História do Tempo Presente funciona como “consumidora” dos documentos produzidos pela História Imediata, ficando claro então, que as duas “ocupam lugares diferentes no mesmo espaço”. Mas aqui, o espaço e reservado à relação entre Patrimônio Cultural e a História do Tempo Presente.
Temos a velha mania de associar o Patrimônio Cultural às coisas velhas, antiquarias, mas a verdade é que o Patrimônio é constituído também por bens culturais que são produzidos na contemporaneidade. Pode ser uma dança atual ou um ritmo que foi inventado por alguém que ainda vive. Outro exemplo é a cidade de Brasília, que já é Patrimônio Nacional, ou um artesão que tem contribuído para uma sociedade, que tem peso cultural para esta, chamado Patrimônio Vivo.
Quanto mas se estuda o Patrimônio Cultural, mais nos surpreendemos com as diversas facetas que ele pode ter. Já se sabe que intangível, tangível, e agora, pode ser alguém que ainda vive, ou algo produzido no tempo presente. É verdade que o bem cultural da história do tempo presente pode ser menos admirado pelas pessoas, que procuram no Patrimônio Cultural traços do estilo barroco, colonial ou qualquer traço que lembre Portugal. As pessoas estão acostumadas estão acostumadas com a ideia de quanto mais velho é o bem, mais Patrimônio Cultural ele é.É preciso entender que os bens culturais são produzidos em todos os tempos: passado, presente e futuro e não apenas no passado. Então, tem-se que admirar o que é feito também pela cultura da história do Tempo Presente, até porque o que é passado para nós hoje, já foi o presente de várias gerações.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

OFÍCIO DE VAQUEIRO É PATRIMÔNIO IMATERIAL DA BAHIA

Em sessão plenária realizada no dia 24 de novembro de 2010, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia - CEC, aprovou por unanimidade a inserção do Ofício dos Vaqueiros do Estado da Bahia, no “Livro do Registro Especial dos Saberes e Modo de Fazer”. Com isso o Ofício de Vaqueiro - seus saberes e fazeres -, passa a ser reconhecido pelo CEC como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia.
A solicitação de registro estadual do ofício de vaqueiro como Patrimônio Imaterial, foi encaminhada pelo antropólogo Washington Queiroz - membro titular dos Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Nacional de Cultura -através de Ofício dirigido ao IPAC, em 03 de maio de 2010 e ontem teve o parecer aprovado pela Câmara de Patrimônio e, seguida, pelo plenário do CEC.
Segundo o conselheiro Washington Queiroz, com a aprovação por parte do CEC o processo está bem encaminhado, mas ainda não concluído. Para gerar as conseqüências positivas para os vaqueiros e todo o acervo cultural por ele produzido, que a condição de ser considerado pelo Estado Patrimônio Imaterial traz, precisa ainda ser encaminhado pelo secretário de cultura Márcio Meireles ao governador Wagner. Só após a assinatura do decreto pelo governador Wagner se tornará Lei.
“Mas isso – comenta Queiroz – deverá ser bem planejado. Trata-se de uma data histórica (após 460 anos de atividades dos vaqueiros e sertanejos na Bahia) e, certamente, deverá haver toda uma programação em torno do Ato. Afinal esse reconhecimento marca, de fato, uma guinada no conceito daquilo que se convencionou chamar e difundir como Bahia. Se inicia uma nova etapa de inclusão, reconhecimento e pertencimento cultural no Estado em toda sua vigorosa riqueza, que deixa de ser apenas Baía (de Todos os Santos) e caminha no sentido de ser a Bahia (de todos os Cantos e Santos). Onde a figura pioneira do vaqueiro e o seu sertão que, diga-se de passagem, constitui a maior parte do nosso território, é reconhecido como espaço significativo e criador de todo um acervo cultural determinante e estruturante para o fortalecimento sócio-cultural da Bahia – sua diversidade, pluralidade e inclusão social. É a assunção por parte do Estado de que a Bahia é, também, sertaneja. E isso significa muito. Enriquece: reconhece outros ritmos, ambiente, arquitetura, culinária, estética, mitologia, crenças, tradições e acervos. Caminha no sentido de oxigenar uma certa Bahia que tende a ser folclorizada e estandartizada como se fosse mono - apenas litoral e recôncavo.
Enfim, em minha opinião, o reconhecimento do Ofício de Vaqueiro com Patrimônio Imaterial, em razão do símbolo que o vaqueiro significa, é determinante para que a Bahia, de forma ampla, inicie o necessário rompimento do apartheid cultural de quase cinco séculos, que historicamente discrimina, exclui e não dá o devido pertencimento ao referenciais do seu diverso acervo cultural. E assim resgate mais este débito que tem implicado em enfraquecimento e extinção de manifestações culturais devido a certo colonialismo reflexo do mar para com o sertão, que desqualifica e teima em não reconhecer todas as ‘Bahias’ como formadoras do Estado da Bahia”.
FONTE: Washington Queiroz
Membro do CEC
Membro do CNPC

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PRESERVAR: UM ATO NECESSÁRIO

O Patrimônio Cultural, conjunto de bens representativos, identitários e com valor, seja este histórico, arquitetônico, arqueológico, artístico ou cultural, consiste numa ferramenta essencial para entendermos o passado a fim de compreendermos quem somos e de onde viemos.
Antigamente, a idéias de patrimônio este associada a algo herdado, geralmente com valor material, mas com o passar do tempo e especificamente a partir da Convenção de 1972 recebeu definições mais abrangentes.
Há várias formas de preservar: tombamentos para bens materiais (“de pedra e cal”.) inventários para imateriais. Ambas consistem em garantias asseguradas por lei sob tutela do Estado. O órgão responsável por isso, a nível nacional é o IPHAN - Instituto do Patrimônio Artístico e Nacional, criado em 1937, com superintendências em todo o país.
Um registro do século XIII, dito com a primeira notícia de tentativa de preservação, é a carta do Conde de Galveias dedicada ao então governador da capitania de Pernambuco que exprime os possíveis prejuízos da ocupação do Palácio das Duas Torres. Ela expressa a necessidade de conservação de objetos que falem sobre algo ou alguém que viveu no passado, com o objetivo de manter seu legado.
Cada individuo deve zelar aquilo que acha importante para si e para os demais, não deixando sua cultura e história serem extintas ou que outras se sobreponham a elas. O Patrimônio pertence a todos nós!
Airles Almeida dos Santos - Aluna de História da UFS (Patrimônio Cultural - 2010.2)

PATRIMÔNIO CULTURAL, MEMÓRIA VIVA!

Conhecer sobre patrimônio cultural é acima de tudo reconhecer a necessidade de se ter memória, de valorizar a identidade humana reconhecendo que um lugar, uma dança ou uma comida possa lhe dar informações sobre o caractere de cada comunidade.
A memória nos ajuda, a saber, de nós, nos mostra que temos origem, entretanto, é necessário que ela esteja viva. Para isso precisamos trazer às novas gerações os esclarecimentos suficientes para a valorização de um acontecimento ou do por que se têm certos costumes como, por exemplo, comer acarajé, ele nos remete a historia do povo africano que veio como escravo, mas trouxe sua cultura para a Bahia.
Quando um patrimônio é reconhecido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), significa que esse patrimônio cultural representa não só a comunidade pertencente como a nação, que não só o estado como o país se torna responsável por sua conservação.
Os patrimônios reconhecidos pelo IPHAN devem ser divulgados principalmente à sua comunidade, pois na maioria das vezes o próprio grupo que contém os bens não tem consciência de sua importância e conservação.
Jéssica Messias dos Santos - Aluna do Curso de História da UFS (Patrimônio Cultural - 2010.2)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

COMUNIDADE COMO AGENTE PROVOCADORA

A comunidade possui o importante papel de reconhecer o bem cultural, para que este venha a se tornar um Patrimônio.

Sendo assim, é necessário que este bem tenha valores que o possam identificar como Patrimônio Cultural, possuindo características que o tornem únicos como: representatividade, identidade e remeter memória a comunidade.

Também, não basta apenas à vontade social de possuir o bem cultural é importante que estes preservem. Existem órgãos que cuidam da proteção mais que, por si só não são capazes de acabar com a destruição, trazendo para a sociedade a responsabilidade de juntos agirem em comum benefício.

Ainda por cima, que o processo de tombamento é a certificação de proteção deste Patrimônio Cultural, pelo menos na teoria, constituído por varias etapas na intenção de confirmar seu respectivo valor histórico, artístico, cultural ou paisagístico.

Portanto, fica sobre a responsabilidade dos órgãos e de todos, à missão de preservar os bens culturais, para que esses possam servir como identificadores de culturas diferentes, sendo protegidos por leis não automaticamente postas em pratica.

Jandison Moura da Silva - Aluno do Curso de História da UFS (Patrimônio Cultural - 2010.2)

O DESAFIO DA VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

A história de um povo, seu saber e seu modo de agir, são elementos indispensáveis para qualquer país ou estado, já que nestes fatores reside o sentido de identidade cultural. O Patrimônio Cultural, sendo entre outras coisas, partes cristalizadas da História, merece, pois, toda a atenção por parte das autoridades e cidadãos em geral.

Falar de Patrimônio cultural não é um monopólio do historiador, nem deve ser de interesse exclusivo dele sua preservação, pois os vários tipos de Patrimônio remetem à memória coletiva e dizem respeito às características marcantes de um tempo ou sociedade que devem se perpetuar através das gerações.

Ainda é comum no Brasil, a idéia de que Patrimônio Cultural não serve pra nada, que é “coisa velha”. Basta um olhar ao redor e logo tem-se a constatação de que os poucos que o valorizam são aqueles que tiveram algum mínimo de esclarecimento acerca do assunto, ficando claro assim, que só haverá conscientização e preservação se estas vierem precedidas de instrução e informação.

Portanto, ainda é possível que este quadro se reverta e que todos valorizem este tipo de “ver” o passado e admirar o presente. Basta educação. Educação acima de tudo para que este “tripé”: patrimônio-preservação-memória se perpetue.

Thaíse dos Santos Silva – Aluna do Curso de História da UFS (Patrimônio Cultural – 2010.2)

sábado, 9 de outubro de 2010

PATRIMÔNIO: UM LEGADO PARA TODA VIDA

No decorrer de sua existência, cada ser humano transcreve sua trajetória baseada em suas motivações, que perpetuam através das novas gerações que surgem. Isso se deve ao fato de haverem necessidades comuns a todos os seres; que seriam a busca do conhecimento e a formação de uma identidade própria, baseada em valores que diferenciam e caracterizam cada sociedade.
O sustentáculo da progressividade da passagem do conhecimento dar-se- á através das fontes históricas, que podem estar na forma escrita, escultural ou como vestígios deixados referenciais a um povo em uma dada época histórica. Para tanto, essas fontes precisam ser preservadas, vindo a servir de instrumento pedagógico e como disseminador cultural entre as sociedades.
Nessa perspectiva, a população ao lado de um historiador ambos auxiliados por órgãos públicos, devem lutar para que haja um reconhecimento; a formação de uma identidade e valor histórico significativo desses legados tão ricos e importantes. Daí surge o conceito de patrimônio cultural, que seriam todas as “construções” humanas, materiais ou imateriais na qual se sustenta a historicidade de um povo.
O processo de transformação de um monumento em patrimônio pode vir a ser um processo demorado, podendo em muitos casos ser arquivado por falta de pesquisa acerca deste que sustentam a idéia, mas caso o processo seja efetivado o patrimônio é registrado como tal através de um documento legal, o dito tombamento.
Mais importante ainda é a união e a conscientização da população, mantendo e preservando esses bens patrimoniais, pois não bastam somente as leis para arcarem com todas as responsabilidades. Inicialmente isso seve partir da consciência de cada um; fazer com que sua cultura se mantenha viva na vida dos presentes. E por que não que ela se renove, mas não perdendo as suas raízes devido a atos irracionais, para que sempre se tenha algo de história a se contar.

Sofia Souza Santos - Aluna do Curso de História da UFS 2010/2 (Patrimônio Cultural)

PATRIMÔNIO CULTURAL, HERANÇA DE TODOS!

Em uma roda de capoeira, ou na estatua da liberdade, rastros vivos de um passado, presença fundamental que aproxima os dois, em comum a importância na formação cultural e da identidade de um povo de diferentes lugares, mesmo sendo singelo como um bem imaterial, ou na grandeza estrutural e deslumbrante de um bem material, o patrimônio cultural é a herança de todos.
Sendo assim, o patrimônio cultural estabelece de certa forma uma relação entre passado e presente com intuito de permanecer pro futuro das gerações mantendo vivas tradições de diferentes épocas.
Sua importância está diretamente ligada na conservação de costumes, o patrimônio é como se fosse uma carteira de identidade da cultura, carregando em si características de um modo de vida, de diversão e arte e até mesmo demonstração do poder daquela determinada época, onde as pessoas se identificam e criam um elo entre com os bens.
Talvez em meio a tantos exemplos conhecidos de abandono, e descaso de bens patrimoniais o grande desafio dele e das pessoas que tem consciência da sua importância, seja de ter uma continuidade nos dias atuais, de se manter vivo, não apenas falando na conservação de prédios ou outros objetos matérias antigos, mas também em passar adiante lembranças de bens imateriais, tipo uma festa simples e de varias significações, tradicional do interior que cada vez mais estão sendo extinta ou perdendo sua originalidade pela modernidade. Sendo até um crime, pois é preciso manter essas raízes culturais como forma valorização da historia local.
Diante do que foi apresentado, podemos afirmar que o patrimônio cultural tem uma parcela de importância incalculável para nossa formação, para nossa historia, mas de fato é algo que preocupa por não ser tratado, e vigiado como se deve, sabemos também que é preciso agir rápido para não deixar essas fontes históricas desaparecerem, pois é necessário manter viva nossas lembranças, nossas heranças culturais.
Diego Vinícios - Discente do Curso de História da UFS (Patrimônio Cultural 2010.2)

PATRIMÔNIO CULTURAL: ALGO MUITO IMPORTANTE

Todo cidadão tem direito de ter suas memórias. Pois, ninguém pode viver sem saber quem é, ou quais são suas referencias. O patrimônio cultural é uma forma que as pessoas têm para manter essas memórias.

Para que o patrimônio cultural exerça a função de manutenção de memórias, ele tem que ser preservado. E para isso é preciso que as pessoas compreendam que determinados bens distinguem um povo de outro, formando sua identidade.

Existem formas legais para que o patrimônio seja preservado, e uma delas é o tombamento. E este é fruto da vontade coletiva de preservação da memória. Através do poder publico, um bem que é considerado tendo condições de ser tombado passa a ser objeto de proteção.

Porém, só o registro de tombamento não é suficiente para que determinados bens continuem existindo e preservando as memórias de um povo. É preciso também que as pessoas tenham consciência e não destruam esses bens.
Moisés Chagas Santos - Discente do Curso de História da UFS (Patrimônio Cultural 2010.2)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Missa em Desagravo à Destruição de Imagens em São Cristóvão

No dia 21 de agosto de 2010, quando o povo sancristovense ainda comemorava a obtenção do título de Patrimônio Mundial para a Praça São Francisco, nossa antiga capital teve um triste despertar. O monumento do Cristo Redentor fora cruelmente depredado na noite anterior, num ato de vandalismo marcado por grande violência e poder de destruição.

Apontado por historiadores como o mais antigo Cristo Redentor do Brasil, o exemplar sancristovense foi fundado em 12 de outubro de 1926. Neste mesmo ano, a gruta maior do monumento (localizada em sua base) passou a abrigar uma bela imagem da Nossa Senhora da Piedade, que sofreu a violência deste ato bárbaro.

Consternada com a crueldade do ato e visando responder à tamanha agressão ao patrimônio histórico sergipano e à fé do povo católico, a Paróquia Nossa Senhora da Vitória (São Cristóvão) organiza missa em desagravo ao vandalismo praticado contra as imagens do Cristo Redentor de São Cristóvão. A celebração ocorrerá nesta sexta-feira, no Cristo Redentor, às 16h.

O Pe. Bernardino, Pároco de São Cristóvão, ressalta a importância desta celebração: “Será um evento católico especial, a chamada ‘missa penitencial’, que realizamos quando temos a intenção de reparar uma ofensa cometida a um espaço sagrado”. Já o Subsecretário de Estado do Patrimônio Histórico e Cultural, o Professor Luiz Alberto dos Santos, defende que “a educação patrimonial tem como um de seus pilares o respeito à diversidade cultural. Neste sentido, nos solidarizamos à Paróquia Nossa Senhora da Vitória neste ato contra um dos mais belos e significativos monumentos históricos de Sergipe.”

Convocamos toda sociedade sergipana a integrar-se nesta luta em defesa do patrimônio cultural do nosso povo, da diversidade cultural brasileira... e da paz.

Maíra Ielena Cerqueira Nascimento
Coordenadora do Escritório de São Cristóvão
SUBPAC/SECC

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

UMA PRAÇA E UMA VITÓRIA

Pablo Renan Silva Campos (Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe. Projeto “A Praça São Francisco é do Povo” (DHI-UFS)
É momento de festejar. Toda a sergipanidade está satisfeita com a conquista obtida no último domingo dia 1 de agosto de 2010. A Praça São Francisco (e seu entorno: Igreja e Convento Franciscano, a Capela da Ordem Terceira - hoje Museu de Arte Sacra, a Antiga Casa de Misericórdia com sua Igreja, o Palácio Provincial e o Casario Antigo), recebeu através da UNESCO (Organizações das Nações Unidas para a Educação, Cultura e Comunicação), na 34ª sessão do comitê do Patrimônio da Humanidade, a chancela de Patrimônio da Humanidade, depois de superar alguns estorvos durante a campanha. O feito foi alcançado em meio a 39 monumentos que pleiteava o título. Foi a única representante brasileira nessa edição. Esse bem cultural está situado na cidade histórica de São Cristóvão, considerada a quarta mais antiga do país e já reconhecida em outras oportunidades pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), como Patrimônio Cultural estadual e nacional. Foi sem sombra de dúvida uma merecida vitória para São Cristóvão e para os sergipanos em geral, haja vista ser a segunda tentativa de tal candidatura, além do incontestável valor histórico, artístico e cultural. É uma fiel representante do período colonial brasileiro, guardando em seu espaço geográfico bens materiais e imateriais herdados desta época, e, sobretudo, serviu num passado remoto como cenário de diversas celebrações populares, como folguedos, taieira, danças com estilo afro e fervorosas festas religiosas. Em suma, a “Praça São Francisco” foi ao longo da história palco de diversas manifestações culturais, passando pelo contexto do período colonial, pelo festival de artes, onde se apresentavam vários cursos, exposições, espetáculos, seminários, manifestações folclóricas, cinema, teatro, dança, artes plásticas, literatura e artesanato, até os dias atuais é o ponto de encontros nos eventos religiosos da cidade, além de representar e/ou simbolizar o centro cultural de São Cristóvão. Já incluindo a praça como um dos novos monumentos catalogados pelo Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, pensemos agora em alguns benefícios que a posteriori vão ser proporcionados: criação de empregos diretos e indiretamente, pois, serão ofertados cursos técnicos de capacitação profissional, visando qualificar a mão-de-obra para trabalhar em setores como hotéis, pousadas, bares, restaurantes, drogarias, etc. Sobre o aumento do fluxo turístico, possibilitará o crescimento da renda municipal, através do aquecimento da economia motivada pelo comércio em geral, inclusive de artesanato e comidas típicas, e claro, haverá de forma mútua a fomentação e o avivamento da cultura local, possibilitando a preservação de um pedaço da história viva do nosso Brasil. Portanto, é a partir dessa conquista que nós sergipanos devemos assumir coletivamente nossas memórias, valorizando e salvaguardando nossas raízes e nossa cultura. Conhecer e educar são as palavras-chaves nesse processo, e é nesse âmbito que o título alcançado torna-se fundamental para a aquisição dessa nova mentalidade. (Coordenado pelo Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos (DHI) no ano de 2009).

domingo, 1 de agosto de 2010

PRAÇA DE SERGIPE É ELEITA PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE PELA UNESCO


Praça São Francisco, em São Cristóvão (SE), tem mais de 400 anos.Comitê da entidade da ONU realiza reunião em Brasília (DF).


A praça São Francisco, localizada na cidade de São Cristóvão, em Sergipe, foi eleita patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão, anunciada neste domingo (1) foi tomada em reunião do comitê de patrimônio mundial da humanidade da Unesco, que acontece em Brasília (DF) desde o dia 26 de julho.

A candidatura da praça para o posto foi aceita pela entidade em março de 2007. Desde então, foram analisadas as potencialidades do local e suas condições para figurar entre os patrimônios da humanidade.
A praça foi construída há mais de quatrocentos anos no município de São Cristóvão, que foi a primeira capital do estado de Sergipe. O local apresenta influências portuguesas e espanholas. Prédios como o palácio do período colonial e o convento de São Francisco continuam com praticamente a mesma feição de quando foram construídos. O local é palco de manifestações folclóricas e artísticas na cidade.
Segundo o Ministério da Cultura, a praça São Francisco é a 18ª localidade brasileira a figurar entre os patrimônios mundiais da Unesco.


PRAÇA DE SERGIPE VIRA PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

LARISSA GUIMARÃES
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
A praça de São Francisco, na pequena cidade de São Cristóvão (SE), é o mais novo bem do patrimônio mundial. A 23 km de Aracaju, a praça é a única expressão no Brasil do traçado urbanístico de origem espanhola.
O novo bem do patrimônio cultural também representa um momento específico da história brasileira. Foi construído no período conhecido como União Ibérica, quando Portugal e Espanha estiveram unidos sob uma mesma coroa, entre os anos de 1580 e 1640.
A inclusão da praça de São Francisco foi confirmada neste domingo, último dia da 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, que neste ano ocorreu em Brasília.
Com a praça sergipana, o Brasil chega ao patamar de 18 bens na lista do patrimônio mundial. A penúltima conquista havia sido em 2001, quando o centro histórico de Goiás (GO) obteve esse status.
A praça de São Cristovão já havia sido indicada como bem cultural há três anos, mas em 2008 o órgão consultivo da Unesco (braço da ONU para educação e cultura) pediu informações mais precisas sobre o valor histórico da praça.
Além do Brasil, outros nove países também conseguiram incluir novos locais na lista de patrimônio. São eles: Arábia Saudita, Austrália, Índia, Irã, Ilhas Marshall, Coreia, Sri Lanka, Estados Unidos e Tanzânia.

domingo, 11 de julho de 2010

Candidatura da Praça São Francisco

Olá, gente.

Acesse o site e acompanhe o trâmite que envolve a Candidatura da Praça São Francisco (São Cristóvão-SE): http://www.34whc.brasilia2010.org.br.

Abaixo, relação LISTA DE BENS CANDIDATOS A PATRIMÔNIO MUNDIAL EM 2010:

Naturais:

Pirin National Park (extension, Bulgaria)
Danxia (China)
Pitons, cirques and remparts of Reunion Island (France)
Phoenix Islands Protected Area (Kiribati)
Dinosaur Ichnites of the Iberian Peninsula (Portugal / Spain)
Putorana Plateau (Russian Federation)
Monte San Giorgio (extension of “Monte San Giorgio”, Switzerland, Italy)
Tajik National Park, Mountains of the Pamirs (Tajikistan)

Culturais:

Australian Convict Sites (Australia)
City of Graz - Historic Centre and Schloss Eggenberg (extension of "City of Graz - Historic Centre") (Austria)
Augustowski Canal – a work of man and nature (Belarus / Poland)
Major Mining Sites of Wallonia (Belgium)
São Francisco Square in the Town of São Cristóvão (Brazil)
Historic Monuments of Dengfeng in “The Centre of Heaven and Earth” (Originally “Historic monuments of Mount Songshan”) (China)
Konso Cultural Landscape (Ethiopia)
Episcopal City of Albi (France)
Upper Harz Water Management System (extension of “Mines of Rammelsberg and Historic Town of Goslar”) (Germany)
The Jantar Mantar, Jaipur (India)
Matheran Light Railway (extension of the “Mountain Railways of India”) (India)
Sheikh Safi al-din Khānegāh and Shrine Ensemble in Ardabil (Islamic Republic of Iran)
Tabriz Historic Bazaar Complex (Islamic Republic of Iran)
The Triple-arch Gate at Dan (Israel)
Fort Jesus, Mombasa (Kenya)
Bikini Atoll, nuclear tests site (Marshall Islands)
Camino Real de Tierra Adentro (Mexico)
Prehistoric Caves of Yagul and Mitla in the Central Valley of Oaxaca (Mexico)
Seventeenth-century canal ring area of Amsterdam inside the Singelgracht (Netherlands)
Røros Mining Town and the Circumference (extension of “Røros Mining Town”) (Norway)Historic Villages of Korea: Hahoe and Yangdong (Republic of Korea)
Church of the Resurrection of Suceviţa Monastery (extension of the “Churches of Moldavia”) (Romania)
At-Turaif District in ad-Dir’iyah (Saudi Arabia)
Palaeolithic Rock Art Ensemble in Siega Verde (extension of “Prehistoric Rock Art Sites in the Côa Valley”), (Portugal, Spain)
The Mercury and Silver Binomial. Almadén and Idrija with San Luis Potosí (Spain / Mexico /Slovenia)
Sarazm (Tajikistan)
Kiev: Saint-Sophia Cathedral with Related Monastic Buildings, St. Cyril’s and St. Andrew’s Churches, Kiev Pechersk Lavra (extension of “Kiev: Saint-Sophia Cathedral and Related Monastic Buildings, Kiev Pechersk Lavra”) (Ukraine)
Darwin’s Landscape Laboratory (United Kingdom)Ngorongoro Conservation Area (re-nomination under additional criteria) (United Republic of Tanzania)
Mount Vernon (United States of America)
Central Sector of the Imperial Citadel of Thang Long - Hanoi (Viet Nam)

Mistos:
Central Highlands of Sri Lanka: its Cultural and Natural Heritage ( Sri Lanka)Papahānaumokuākea Marine National Monument, Hawaii (United States of America)

Fonte: Maíra Nascimento (SUBPAC-SE)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

OBSERVANDO ARACAJU COM OS OLHOS DE VERÔNICA NUNES

Karla Karine de Jesus Silva
Discente do DHI-UFS
Em Aracaju: um olhar sobre o patrimônio, Verônica Nunes faz uma breve análise da cidade de Aracaju, desde a sua fundação às transformações que sofreu no século XX, refletindo sobre o conceito de patrimônio nesta perspectiva.
Verônica Nunes inicia sua apresentação conceituando patrimônio, patrimônio histórico e a abrangência do conceito, que se ampliou a partir de 1960 incluindo não apenas monumentos, como delineava o modelo francês de patrimônio, mas, todas as formas de arte, edificações, ruas, cidades inteiras, etc., (p.46).
É a partir do conceito de que a cidade pode ser um patrimônio histórico que Nunes insere Aracaju. Começa descrevendo a fundação de Aracaju (1855) nos pilares da modernidade. Projetada por Sebastião José Basílio Pirro, sua forma original é geometricamente rígida, com quarteirões retangulares, sendo uma das primeiras cidades brasileiras a seguir esta tendência. Só no final dos anos 1970 até meados da década de 1990, este modelo é contraposto por uma arquitetura mais contemporânea, verticalizada, com a presença de shoppings centers – comércio e lazer unificados no mesmo espaço – e um crescimento que dispensa a rigidez geométrica, mais irregular.
De 1855 a 1990, Aracaju passa por modificações importantes. Nunes menciona, por exemplo, a Praça ou Parque Olímpio Campos, onde o patrimônio arquitetônico e paisagístico foram metamorfoseados: a Igreja de N. S.ª da Conceição, atual Catedral Metropolitana, o Tribunal de Relações, atual sede do Arquivo Geral do Judiciário, a Escola Normal, atual sede da Arquidiocese de Aracaju, e, taba de índios, cascatas, zoológico, aquário – introduzidos em 1928 (p.49).
Em seguida, a autora passa a analisar a Praça Fausto Cardoso, originalmente neoclássica modificou-se para o estilo eclético, peculiar do século XX (p.51). A Ponte do Imperador, um atracadouro construído sobre o cais para receber o Imperador D. Pedro II e a Imperatriz D. Tereza Cristina, é outro “lugar de memória” descrito por Nunes.
Nos anos 1930-1940, na chamada arte do Estado Novo, elementos marcantes desta época são alistados, como o Instituto Histórico e Geográfico, o Palácio Serigy, o Corpo de Bombeiros, a Igreja N. S.ª Menina e o Cinema Rio Branco (p.52). As ruas do Barão, Japaratuba, João Pessoa são exemplos de mudanças freqüentes. O Beco dos Cocos e os mercados pontos de atração da cidade, Antônio Francisco e Thales Ferraz, não passam despercebidos ao olhar da autora.
Os anos 1960-1970 são marcos de expansão da cidade. Já 1980-1990, além da adesão aos modelos contemporâneos em arquitetura, surge um projeto de revitalização do Centro Histórico. Dessa forma, Nunes observa atentamente a fundação e modificação de Aracaju, pontuando os bens materiais que em cada uma das épocas descritas, serviram de lugares de memória da cidade.
Verônica Nunes pauta suas reflexões sobre a cidade de Aracaju, enquanto patrimônio histórico, especialmente a partir da descrição de poetas regionais, na forma em que eles enxergaram os momentos e os diversos patrimônios materiais e imateriais da cidade. Entendemos então que Aracaju não só está cheia de patrimônios históricos, mais também é ela mesma um patrimônio histórico.
Gilsa Borges (p.48), Tom Robson (p.49,50), Santo Souza (p.51,52), Jacinto de Figueiredo (p.53), Paulo Lobo (p.54), Gil Macedo (p.55), Alcides Melo (p.56), são alguns dos poetas apresentados por Nunes. Também as canções: “Símbolos de Aracaju”, de José Sales de Campos e José Albuquerque Feijó, hino criado em 1955 em homenagem ao centenário da cidade; “Aracaju Uma Estrela” (1972), de Antonio Garcia Filho; e “Atalaia”, de Antonio Vilela de melo, em comemoração aos 148 anos da cidade.
Desta maneira, Verônica Nunes, em seu texto, lança um olhar e nos convida a ver com ela alguns dos elementos mais significativos de Aracaju enquanto patrimônio, herança de um povo. “No meu olhar sobre Aracaju”, conclui Nunes,

“(...) deixo o sentido de que o patrimônio histórico e monumento são noções que esclarecem de forma privilegiada a relação com a temporalidade, constituída de acréscimo e fusão de fragmentos que nos permite apreender a cidade, não somente por ela ser um objeto fiel e comprovado, mas por se tornar uma lembrança dos aracajuanos no futuro (p.59)”.


Referência Bibliográfica:

NUNES, Verônica. Aracaju: um olhar sobre o patrimônio. p.45-62.

sábado, 22 de maio de 2010

PRESERVAÇÃO E LEGISLAÇÃO PATRIMONIAL

Karla Jamylle Souza Santos
Graduanda do Curso de Licenciatura em História (UFS)
Nós, como seres humanos, pertencentes a uma nação, temos a função de cuidar e preservar os nossos bens patrimoniais. Pois eles como produto do processo cultural humano, nos proporcionam o acesso à memória coletiva, formando assim, a nossa identidade.
Mas, infelizmente, são poucas as pessoas que têm a consciência da importância de se preservar os bens patrimoniais. Por isso, ao constatar a necessidade de se criar uma forma mais eficaz, de proteção e preservação do Patrimônio Cultural, algumas instituições internacionais começaram a atuar, com o intuito de criar mecanismos para a proteção do Patrimônio Mundial. Torna-se perceptível no texto “Legislação Patrimonial” de autoria de Verônica Nunes e Eduardo Pina que, a UNESCO é a instituição que obteve maior destaque, em relação à tentativa de preservação dos bens patrimoniais. Ela, através de três convenções tentou solucionar alguns dos problemas referentes ao Patrimônio Mundial.
A primeira convenção, realizada no ano de 1954, teve como objetivo criar meios de proteção, aos bens patrimoniais, contra os conflitos armados, derivados de guerras, que acabam usando como alvo, os Patrimônios Mundiais. Esses são destruídos, e consequentemente a cultura dessa população é afetada. A segunda convenção ocorreu em 1970 e tinha como intuito criar mecanismos de proteção ao Patrimônio Cultural, contra ao tráfico elícito de bens culturais. Para isso foi estabelecido, leis nacionais que penalizassem as pessoas que praticassem roubos ou saques de sítios arqueológicos. Também foi definida, nessa segunda convenção, a criação de uma rede informativa de cooperação internacional, para a troca de informações referente ao tráfico ilegal de bens patrimoniais.
A terceira convenção foi realizada em 1972. E tinha como principal objetivo, a ampliação do conceito de Patrimônio Cultural que a partir daí, passa a abranger, dentro do conceito Patrimônio Cultural, o Patrimônio Imaterial, ou seja, o saber fazer de um povo. Foi definida também, nessa terceira convenção, a necessidade de se preservar os sítios e reservas naturais, pois esses também se enquadram dentro do novo conceito de Patrimônio Cultural.
Segundo Verônica e Pina, em seu texto, as primeiras legislações em defesa e preservação do nosso Patrimônio Nacional correspondem a 1937 com a criação de um decreto que trabalhava com a idéia de organização do nosso patrimônio. A partir daí, surgiram novos decretos que tinham como intuito a preservação dos bens patrimoniais do Brasil. Esses decretos penalizavam com prisão de seis meses a dois anos, ou com multas, as pessoas que destruíssem ou modificassem os bens patrimoniais tombados. Mas, o maior destaque que deve ser exposto é a assinatura do decreto de nº 3.551, que passou a ser responsável pela criação do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial, com o intuito de preservação do saber fazer de um povo. Após muitos decretos e leis, nota-se que no papel existem diversas formas de tentativas de preservação dos nossos bens patrimoniais, e quase todas se utilizam de punições como forma de conter os crimes realizados contra o nosso Patrimônio. Mas é preciso que haja uma consciência nacional da necessidade de preservação do nosso Patrimônio. E que nós devemos praticar constantemente esse ato de preservação, pois só assim estaremos cumprindo o nosso papel de cidadãos e rememoradores da nossa cultura histórica.
Fonte Básica: NUNES, Verônica Maria Meneses, LIMA, Luís Eduardo Pina. ”Legislação Patrimonial”. In: Patrimônio Cultural. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2007. (livro 1). PP.47-62.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Um olhar protetor sobre o patrimônio histórico, artístico e cultural

Luiz Antônio Barreto
Desde 1937 que o Brasil legislou sobre a proteção ao patrimônio histórico, artístico e cultural, estabelecendo o instituto do Tombamento dos bens que, sob a ótica das repartições do Governo, deveriam ser protegidos. A legislação federal delegava aos Estados uma atuação complementar, com os mesmos fins. Ganharam visibilidade, então, as cidades construídas no tempo do Brasil colônia, ostentando a riqueza mineral, em Minas Gerais, a grandeza do café, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, e o apogeu do açúcar, no Nordeste. Em Sergipe, São Cristóvão e Laranjeiras ganharam o olhar protetor do Estado, como mostruário do fausto que marcou a vida dos homens do açúcar e do gado.
As leis protegeram, em certo sentido, aquilo que representava o glamour dos endinheirados, deixando de fora a periferia das senzalas e das fazendas de gado. O açúcar decaiu e com ele muito da arquitetura das usinas ruiu como efeito da decadência econômica. Bens tombados, tombaram. Velhas igrejas e capelas cerraram as suas portas, compulsoriamente solidárias com o fogo morto das chaminés da indústria. A sociedade, que deveria ser beneficiária da política de proteção, demorou a tomar consciência sobre a importância do patrimônio que o Brasil erigiu, no contexto do processo de ocupação, colonização e civilização do País. Alguns poucos programas internacionais de financiamento interferiram no cenário das vistosas construções: Plano de Restauração das Cidades Históricas, para fins turísticos, na década de 1970, e, mais recentemente, um programa patrocinador de restaurações. São Cristóvão e Laranjeiras, mais uma vez, foram protegidas, juntamente com outros bens existentes em Sergipe, como Tomar do Geru, Divina Pastora, e outros.
Aracaju ficou de fora, talvez porque fosse considerada uma cidade nova, ainda em construção. O preconceito contra a juventude da capital sergipana significou imenso e irrecuperável prejuízo. Centenas de casas, que espelhavam o processo de evolução da paisagem aracajuana, foram ao chão, substituídas por postos de gasolina, condomínios de apartamentos, bancos, repartições, etc. Da parte dos proprietários, agigantou-se o erro de considerar propriedade privada a vizinhança, o entorno, a paisagem junto ou próxima do bem demolido. Da parte governamental, a falta de uma política e de uma legislação, e a complacência diante de casos absurdos, quando não os exemplos de descaso, que podem ser contados facilmente, pelo olhar dos transeuntes.
Os tempos estão mudando. O Ministério Público Federal tomou a iniciativa de convidar autoridades, professores, especialistas, e outras vozes, para um Seminário que inaugurou o debate sobre a questão do patrimônio histórico, artístico e cultural de Aracaju. Um sucesso, sob todos os aspectos, que gerou um documento – a Carta de Aracaju, discutido em voz alta, a partir das questões afloradas durante o evento, consolidando com a expressão crítica produzida pela Mesa Redonda que fechou o Seminário. Professores e estudantes, cada um com sua visão preocupada com a realidade, deram lições de consciência política, estribados em leituras críticas que deram ao Seminário momentos eloqüentes de participação.
O Seminário foi uma partitura regida pela Procuradora Lívia Tinoco, que apesar do pouco tempo na cidade demonstrou seu amor à primeira vista a Aracaju, pensando e realizando o evento, conduzindo o debate para firmar, ao seu final, um texto de claros compromissos com a cidade do Presidente Inácio Barbosa e de outros administradores. Elevado em suas exposições e debates, livre enquanto torneio de opiniões, sincero com a história, o Seminário da Procuradoria da República abriu uma estrada nova, pela qual deverão transitar, nos próximos tempos, ideários que enxerguem a paisagem como um bem comum, espraiada do rio ao mar, como o espaço da vida, que desde 1855 atraiu os sergipanos. A propriedade é da porta para dentro, o que significa dizer que as fachadas, as construções, não podem ser tragadas pela voracidade dos interesses. É francamente possível, e totalmente recomendável, que velhas e novas imagens da cidade convivam harmoniosamente, burilando a beleza que o bom gosto e o poder aquisitivo têm garantido a Aracaju. É desejável guardar imagens anteriores, sem que seja preciso impedir as atividades da construção civil. Para tanto, o tabuleiro de Pirro deve passar por uma releitura técnica, que defina como deverão ser resguardadas as paisagens que formam o patrimônio como bem social, bem assim como o saneamento, o embelezamento e o florestamento devem ser garantidos à continuidade do processo de crescimento harmonioso da cidade.
Ficou acertado que o documento que expressa o olhar protetor sobre o patrimônio histórico, artístico e cultural de Aracaju – a Carta de Aracaju deveria circular amplamente, para concorrer com a tomada de consciência, urgentemente necessária. Também ficou certo que outros Seminários devam ser promovidos, com o mesmo propósito esclarecedor e pedagógico.
Fonte:

sábado, 3 de abril de 2010

Por que somos favoráveis à regulamentação da profissão de historiador?

No último dia 10 de março foi aprovado em caráter terminativo na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal o projeto de lei n. 368/2009 de autoria do Senador Paulo Paim que regulamenta a profissão de historiador. O projeto segue agora para a Câmara Federal onde deverá ser analisado.
No processo de mobilização para a votação desta proposta surgiram algumas vozes discordantes em relação à regulamentação da profissão. Respeitamos profundamente a opinião de todos aqueles que adotaram tal posição. Uma democracia é feita através da manifestação livre de todas as ideias, do debate público e qualificado de todas as posições, por isso apresentamos a seguir o ponto de vista que pautou a atuação da atual diretoria da ANPUH – Associação Nacional de História quando do processo de votação dessa matéria e que pautará sua atuação agora que o projeto tramitará na Câmara dos Deputados.
O que significa regulamentar? Significa definir legalmente os contornos do exercício profissional, significa fixar requisitos para que esse exercício se faça, significa precisar as competências e as habilidades que o profissional deve ter para exercer uma dada profissão, ou seja, regulamentar significa dar estatuto legal a uma profissão, significa o Estado reconhecer a sua existência e, portanto, significa dar uma identidade jurídica e pública ao exercício de uma dada profissão. Regulamentar, em síntese, significa passar a existir de fato e de direito como profissional.
Para a ANPUH a regulamentação da profissão de historiador significa, portanto, o reconhecimento social e jurídico do historiador como um profissional, a quem passa-se a atribuir dados direitos e dadas obrigações perante a sociedade. Para nós, o Estado brasileiro milita em uma contradição ao não reconhecer a profissão de historiador e, ao mesmo tempo, regular, reconhecer e avaliar cursos universitários que formam profissionais nesta área. Se o Estado reconhece que para ser historiador é preciso ter uma dada qualificação, que deve-se exigir determinadas habilidades e competências definidas nos Projetos Político-Pedagógicos dos cursos de História por ele aprovados, deve reconhecer também que nem todo mundo pode ser historiador e, portanto, é preciso que uma lei defina os contornos de nossa profissão. O mesmo raciocínio se aplica àqueles que são habilitados por diplomas de cursos superiores para atuarem na área de História e àqueles que estão nos bancos escolares das instituições de ensino superior cursando História: como podem ser contrários ao reconhecimento legal daquilo que fazem, como podem ser contrários que se definam limites para o exercício profissional, como podem ser contrários a que o Estado reconheça sua existência como profissional com uma qualificação específica que lhe confere a competência para o exercício de dadas atividades? A ANPUH é favorável à regulamentação e, não poderia ser diferente, porque quer que os profissionais que representa tenham existência jurídica, sejam reconhecidos pelo Estado e pela sociedade brasileira.
A Constituição Federal em seu artigo quinto, inciso décimo terceiro, define que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendida à qualificação profissional que a lei estabelecer. A lei que regulamenta a profissão de historiador nada mais faz do que cumprir o mandato constitucional definindo que qualificação deve ter aquele que exerce esta atividade: a exigência de diploma de curso superior em História, ou diploma de Mestrado e Doutorado em História. Este mesmo artigo da Constituição Federal prevê que no interesse da sociedade pode-se criar restrições a esta ampla liberdade de exercício profissional, quando ela possa causar sérios danos à sociedade. Entendemos que o exercício do ensino e da pesquisa em história feito por profissionais não habilitados causa sério dano à sociedade, à medida que não se tem um ensino e uma pesquisa de qualidade, feitas com as necessárias competências e com os necessários conhecimentos teóricos e práticos.
O movimento em torno da regulamentação das profissões remonta ao imediato pós-Segunda Guerra Mundial, como resposta às crescentes demandas dos trabalhadores pelo reconhecimento de seus direitos. Ele é contemporâneo e está relacionado à criação da Organização Internacional do Trabalho, do estabelecimento das primeiras convenções da OIT, da emergência dos Estados de Bem-Estar Social. No Brasil, foi neste contexto que as primeiras profissões foram regulamentadas. Tendo como exceção a profissão de leiloeiro que foi regulamentada ainda em 1932, a maioria das profissões consideradas de maior prestígio social foi regulamentada ente as décadas de 1940 e 1960: contabilista (1946), economista (1951), químico (1956) médico (1957), geólogo (1962), psicólogo (1962), estatístico (1965), farmacêutico (1966) , engenheiro, arquiteto e agrônomo (1966), jornalista (1969), entre outras. Ao contrário, portanto, do que alguns afirmam, a regulamentação profissional não é um tema do discurso ou da “ideologia neoliberal”. O neoliberalismo, pelo contrário, vem sendo responsável pela crescente resistência por parte do Congresso Nacional e por parte do Judiciário brasileiro em regulamentar as profissões. O episódio recente da desregulamentação da profissão de jornalista por parte do Supremo Tribunal Federal a pedido dos grandes grupos econômicos que dominam os meios de comunicação do país é exemplar da prevalência desta forma de pensamento em setores das elites brasileiras. Um dos princípios fundamentais do neoliberalismo é, justamente, o da flexibilização e da desregulamentação profissional, levando a uma precarização do trabalho e à possibilidade do pagamento de salários mais baixos a profissionais ditos flexíveis ou despreparados.
Por isso, a ANPUH é favorável à regulamentação profissional. Ela vai na contramão da vaga neoliberal que aposta na precarização jurídica das profissões visando a aviltar as condições de trabalho e de exercício profissional, permitindo a maximização dos lucros das empresas que contratam estes profissionais. Quem conhece a realidade das empresas de educação, do ensino privado e mesmo do ensino público, em dadas áreas do país, sabe que a regulamentação de nossa profissão é não só uma necessidade premente, como sabe que danos esta não regulamentação causa aos nossos profissionais. Não é mera coincidência que a bancada ligada ao ensino privado no Congresso Nacional seja reativa a qualquer iniciativa que vise a regulamentar profissões como a nossa. Como o próprio projeto aprovado no Senado reconhece, sem a regulamentação fica-se sujeito a que pessoas não qualificadas tecnicamente ou não habilitadas para o exercício profissional do ensino, da pesquisa, da assessoria, do planejamento e da gestão na área da História possam ser contratadas para exercer estas atividades mediante uma remuneração aviltada em seus valores.
A luta pela regulamentação da profissão de historiador já se arrasta por quarenta e dois anos, desde 1968 (no site da ANPUH está disponível um dossiê que historia todo este tortuoso processo). Nove projetos neste sentido já foram apresentados à Câmara dos Deputados. E há quem diga que não ocorreu ainda o necessário debate, que adotamos uma posição pragmática e de afogadilho. Cremos que as instituições, notadamente aquelas que agrupam historiadores ou futuros historiadores, devem possuir memória. Não se pode a cada nova diretoria eleita começar-se o debate sobre dadas questões como se não houvesse toda uma história de lutas anteriores. Sabemos que as posições podem ser modificadas mediante novas conjunturas, mas mesmo nesse caso deve-se levar em conta a trajetória anterior da instituição. No âmbito da ANPUH há toda uma história de debates em torno da regulamentação profissional. Diretorias anteriores participaram ativamente do debate e da elaboração de propostas neste sentido. Em nenhuma instância oficial da entidade foi votada e aprovada posição contrária à regulamentação, portanto, cabia a esta diretoria, quando surgiu a iniciativa vinda do Senado, se empenhar para sua aprovação. Mediante carta aberta a toda a comunidade de historiadores, a Associação deixou clara qual seria sua estratégia, ou seja, a de não propor qualquer modificação no texto neste momento. Fazer política requer perceber os momentos favoráveis, definir estratégias viáveis, sob pena de nunca se conseguir o que se quer. Avaliamos que o contexto era favorável, mas por estarmos num ano eleitoral, se a votação não ocorresse este semestre não seria feita este ano e sendo o final de uma legislatura, o projeto não sendo aprovado em 2010, seria arquivado, tal como manda o Regimento Interno do Senado. Esta é a situação do projeto que tramita atualmente na Câmara dos Deputados. Ele caminha para ser arquivado ao final do ano com o fim da legislatura sem que sequer tenha recebido um parecer favorável ou contrário dos sete relatores que já foram para ele designados. Ter um projeto aprovado no Senado era estrategicamente fundamental, pois, agora, ele não pode mais ser arquivado ao final das legislaturas. A Câmara terá que obrigatoriamente analisá-lo, se posicionando contra ou a favor. Podemos agora prosseguir o debate em torno de um projeto já aprovado para aperfeiçoá-lo. Uma circular neste sentido foi enviada a todas as nossas Seções Regionais, solicitando que a regulamentação seja tema de discussão e deliberação nos Encontros Estaduais da ANPUH, que ocorrerão este ano, onde todas as posições poderão ser colocadas.
Consideramos que a regulamentação da profissão de historiador é uma questão de justiça e de equidade de direitos, já que outras profissões da mesma natureza que a nossa já foram regulamentadas, algumas das quais mantendo clara interface com as atividades que exercemos, como por exemplo, as profissões de geógrafo, de sociólogo, de museólogo e de arquivista. Somos uma das áreas de formação profissional mais antiga do país e com uma importância social indiscutível, já que exercemos nossa atividade no âmbito da educação, da cultura, da memória, do patrimônio histórico e artístico que são áreas de interesse social prioritário. O Congresso Nacional aprovou recentemente a regulamentação de profissões como de enólogo (2007), garimpeiro (2008,) oceanógrafo (2008), bombeiro civil (2009), moto taxista e moto boy (2009) e turismólogo (2010), o que reforça a nossa reivindicação em torno do reconhecimento profissional de uma categoria das mais numerosas do país.
O projeto aprovado tem o mérito, a nosso ver, de ser singelo e, ao mesmo tempo, de garantir a maioria das nossas históricas reivindicações. Somos de opinião de que um projeto de lei quanto mais detalhado, buscando a situação ideal e prevendo todas as situações particulares possíveis de ocorrer, favorece aqueles que são contrários à regulamentação no Congresso Nacional, pois quanto mais detalhado é um projeto mais ele abre margem para ser contestado. Às vezes um pequeno dispositivo pode favorecer a contestação e a derrubada do projeto. Cremos que a concisão e a objetividade são um dos méritos da proposta aprovada. Ao mesmo tempo ele garante reivindicações históricas nossas como: o reconhecimento de que o historiador é tanto o bacharel quanto o licenciado em história; reconhece como atribuições do historiador não só a pesquisa e o ensino de história, mas o planejamento, a organização, a implantação e a direção de eventos ou exposições que envolvam temas históricos; a assessoria na avaliação e seleção de documentos para fins de preservação; a emissão de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos e que os estabelecimentos que prestam serviços na área de História deverão manter em seus quadros profissionais habilitados nesta área. Há manifestações de apreensão quanto aos desdobramentos burocráticos e de controle que a regulamentação implica. É sabido que a institucionalização da profissão conduz ao reconhecimento profissional, significa existirmos enquanto profissão, podendo, por exemplo, ser realizados concursos específicos para provimento do cargo de historiador em instituições públicas e privadas, o que não pode ocorrer enquanto não tivermos a profissão regulamentada. O projeto aprovado reserva o provimento de cargos, funções ou empregos de historiador aos portadores de Diplomas de graduação, mestrado ou doutorado em história. Isso implica o necessário registro profissional que, no projeto aprovado no Senado Federal, deverá ser feito junto às Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego do local onde o profissional irá atuar, ou seja, a única burocracia que a regulamentação profissional trará será a de ter o historiador que comparecer, após o término da graduação ou do curso de pós-graduação que o habilita como profissional de história, munido do diploma, à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e registrar-se como profissional. O projeto não prevê e nem a ANPUH pensa em reivindicar a criação de Conselhos Nacional e Regionais para fiscalizar o exercício da profissão, muito menos a realização de uma prova como a exigida pela OAB para a concessão do registro profissional. A ANPUH não pretende tornar-se órgão de fiscalização profissional e sim continuar sendo entidade de representação profissional. Os profissionais de História, atuando no ensino ou na pesquisa, já são submetidos a constantes processos de avaliação de suas habilidades e competências. Para a entrada no serviço público, seja em que nível for, são submetidos a concursos públicos e seu desempenho é acompanhado pelas diferentes modalidades e formas de avaliação do ensino e da pesquisa instituídas pelos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. Mesmo atuando na iniciativa privada, o profissional de história já está sujeito a periódicas avaliações, o que torna sem qualquer sentido a criação de instâncias de controle do desempenho. Os problemas éticos e jurídicos que podem envolver a atuação dos profissionais de história quando não já estão previstos na legislação, podem ser objeto de um código de ética específico, em debate atualmente no âmbito da ANPUH, sem que para isso seja necessária a criação de um aparato burocrático específico.
A luta pela regulamentação da profissão significa, portanto, para a ANPUH, a luta pelo reconhecimento profissional, a luta pela cidadania plena dos historiadores, a luta pela dignidade no exercício da profissão, o que não está em desacordo com a solidariedade necessária à luta de todos os trabalhadores pela dignidade do próprio trabalho e por seus direitos, mas, pelo contrário, é um capítulo desta luta, à medida que combate a precarização do trabalho, a desregulamentação das profissões, que só pode aparecer como um paraíso cor-de-rosa àqueles que defendem posições românticas e desligadas de uma análise mais atenta da realidade, já que não existe ordem social desinstitucionalizada ou possibilidade de se estar completamente fora do ordenamento social. O que não está institucionalizado, o que não está instituído nem por isso deixa de estar submetido ao ordenamento social, só que quase sempre de forma subalterna. Não estar regulamentado profissionalmente nada tem que ver com liberdade do trabalho, - a não ser com a liberdade do liberalismo que sabemos a quem serve -, mas quase sempre com uma subordinação e uma subalternidade ainda maior. Não somos contrários ao reconhecimento como historiadores, inclusive por parte da lei, com a proposição de uma emenda ao projeto aprovado no Senado, quando da tramitação na Câmara, daqueles profissionais com outras formações que militam há certo tempo, a ser definido em nossas discussões, no campo da história ou que possuem notório saber, adquirido através de uma prática durante anos, em nossa área do conhecimento. Mas somos contrários a que qualquer pessoa, sem a menor qualificação profissional, possa se dizer historiador e ocupar cargos, funções e empregos que devem ser reservados aos profissionais habilitados nesta área. Somos favoráveis à regulamentação da profissão porque valorizamos o trabalho que fazemos, porque sabemos todo o esforço que empreendemos para formar profissionais nesta área, porque como profissionais em atividade sabemos quão árdua foi toda a preparação que tivemos que fazer para exercer o nosso ofício com competência e com conhecimento de causa. Ser contrário à regulamentação é afirmar publicamente, para toda a sociedade, que nossa formação é dispensável, que os cursos que fizemos são desnecessários, que as habilidades e competências que tivemos que desenvolver mediante horas de estudo, de dedicação e de trabalho podem ser acessíveis a qualquer amador que se arvorar a freqüentar os arquivos e se dispor a ministrar aulas de história.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Patrimônio cultural: novas fronteiras

Por Ana Raquel Beltrão
"O conceito de patrimônio cultural e sua crescente abrangência não vêm sendo acompanhados, no Brasil, por uma reflexão sobre as formas de proteção e de gestão do patrimônio. A seleção dos bens culturais a serem preservados à luz dos tratados e convenções internacionais recepcionados pela Constituição de 1988 e as formas legais de acautelamento dos bens culturais não conseguiram evitar a destruição e crescente descaracterização dos objetos oficialmente protegidos, face à incompreensão sobre o papel dos órgãos de preservação oficiais e a dificuldade em conceber a propriedade privada como um bem que deve atender a uma função social e cultural".