domingo, 12 de dezembro de 2010

O DESAFIO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO TEMPO PRESENTE

Thaise dos Santos Silva (Patrimônio Cultural do Curso de História da UFS - 2010.2)
A história do Tempo Presente é muitas vezes, confundida com a História Imediata, mas embora não pareça, há muitas diferenças entre elas, como por exemplo, sua função. A História do Tempo Presente funciona como “consumidora” dos documentos produzidos pela História Imediata, ficando claro então, que as duas “ocupam lugares diferentes no mesmo espaço”. Mas aqui, o espaço e reservado à relação entre Patrimônio Cultural e a História do Tempo Presente.
Temos a velha mania de associar o Patrimônio Cultural às coisas velhas, antiquarias, mas a verdade é que o Patrimônio é constituído também por bens culturais que são produzidos na contemporaneidade. Pode ser uma dança atual ou um ritmo que foi inventado por alguém que ainda vive. Outro exemplo é a cidade de Brasília, que já é Patrimônio Nacional, ou um artesão que tem contribuído para uma sociedade, que tem peso cultural para esta, chamado Patrimônio Vivo.
Quanto mas se estuda o Patrimônio Cultural, mais nos surpreendemos com as diversas facetas que ele pode ter. Já se sabe que intangível, tangível, e agora, pode ser alguém que ainda vive, ou algo produzido no tempo presente. É verdade que o bem cultural da história do tempo presente pode ser menos admirado pelas pessoas, que procuram no Patrimônio Cultural traços do estilo barroco, colonial ou qualquer traço que lembre Portugal. As pessoas estão acostumadas estão acostumadas com a ideia de quanto mais velho é o bem, mais Patrimônio Cultural ele é.É preciso entender que os bens culturais são produzidos em todos os tempos: passado, presente e futuro e não apenas no passado. Então, tem-se que admirar o que é feito também pela cultura da história do Tempo Presente, até porque o que é passado para nós hoje, já foi o presente de várias gerações.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

OFÍCIO DE VAQUEIRO É PATRIMÔNIO IMATERIAL DA BAHIA

Em sessão plenária realizada no dia 24 de novembro de 2010, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia - CEC, aprovou por unanimidade a inserção do Ofício dos Vaqueiros do Estado da Bahia, no “Livro do Registro Especial dos Saberes e Modo de Fazer”. Com isso o Ofício de Vaqueiro - seus saberes e fazeres -, passa a ser reconhecido pelo CEC como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia.
A solicitação de registro estadual do ofício de vaqueiro como Patrimônio Imaterial, foi encaminhada pelo antropólogo Washington Queiroz - membro titular dos Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Nacional de Cultura -através de Ofício dirigido ao IPAC, em 03 de maio de 2010 e ontem teve o parecer aprovado pela Câmara de Patrimônio e, seguida, pelo plenário do CEC.
Segundo o conselheiro Washington Queiroz, com a aprovação por parte do CEC o processo está bem encaminhado, mas ainda não concluído. Para gerar as conseqüências positivas para os vaqueiros e todo o acervo cultural por ele produzido, que a condição de ser considerado pelo Estado Patrimônio Imaterial traz, precisa ainda ser encaminhado pelo secretário de cultura Márcio Meireles ao governador Wagner. Só após a assinatura do decreto pelo governador Wagner se tornará Lei.
“Mas isso – comenta Queiroz – deverá ser bem planejado. Trata-se de uma data histórica (após 460 anos de atividades dos vaqueiros e sertanejos na Bahia) e, certamente, deverá haver toda uma programação em torno do Ato. Afinal esse reconhecimento marca, de fato, uma guinada no conceito daquilo que se convencionou chamar e difundir como Bahia. Se inicia uma nova etapa de inclusão, reconhecimento e pertencimento cultural no Estado em toda sua vigorosa riqueza, que deixa de ser apenas Baía (de Todos os Santos) e caminha no sentido de ser a Bahia (de todos os Cantos e Santos). Onde a figura pioneira do vaqueiro e o seu sertão que, diga-se de passagem, constitui a maior parte do nosso território, é reconhecido como espaço significativo e criador de todo um acervo cultural determinante e estruturante para o fortalecimento sócio-cultural da Bahia – sua diversidade, pluralidade e inclusão social. É a assunção por parte do Estado de que a Bahia é, também, sertaneja. E isso significa muito. Enriquece: reconhece outros ritmos, ambiente, arquitetura, culinária, estética, mitologia, crenças, tradições e acervos. Caminha no sentido de oxigenar uma certa Bahia que tende a ser folclorizada e estandartizada como se fosse mono - apenas litoral e recôncavo.
Enfim, em minha opinião, o reconhecimento do Ofício de Vaqueiro com Patrimônio Imaterial, em razão do símbolo que o vaqueiro significa, é determinante para que a Bahia, de forma ampla, inicie o necessário rompimento do apartheid cultural de quase cinco séculos, que historicamente discrimina, exclui e não dá o devido pertencimento ao referenciais do seu diverso acervo cultural. E assim resgate mais este débito que tem implicado em enfraquecimento e extinção de manifestações culturais devido a certo colonialismo reflexo do mar para com o sertão, que desqualifica e teima em não reconhecer todas as ‘Bahias’ como formadoras do Estado da Bahia”.
FONTE: Washington Queiroz
Membro do CEC
Membro do CNPC