domingo, 29 de janeiro de 2012

Patrimônio a identidade de um povo

  Há muito o ser humano tem buscado de várias maneiras identificar-se, tomar consciência de si mesmo, torna-se singular em meio a diversidade de crenças, de costumes, de tradições e de experiências evidenciadas pelas diferentes sociedades. Tendo como norte o fato de que a cultura é sempre dinâmica, móvel e ante o impacto avassalador de um mundo globalizado tornou-se prudente preservar os bens que compõem a história vivenciada, individual ou coletivamente, considerando o diverso e as expressões dessa diversidade, um aporte para a construção da identidade cultural.
  No instante em que o homem percebe que o seu passado não é resíduo ou histórias contadas através de monumentos materiais que se relacionam com o tempo ou os fatos ali ocorridos, ele assume um novo estado de descobertas associando o conceito de bens materiais a patrimônio abrangendo as relações estabelecidas entres os recursos da humanidade e os recursos naturais. Sendo assim, as manifestações culturais de um povo passam a ter elementos do passado que vinculados a técnicas do presente possibilitam conjeturar a história.
  Para assegurar a permanência dos valores identificados nos bens culturais advindos do modo de viver dos seres humanos torna-se importante caracterizá-los considerando os três grupos: natureza e meio ambiente, técnicas – saber e saber fazer- patrimônio imaterial, os artefatos – patrimônio material. Portanto torna-se importante não apenas os prédios e sim a memória social de um povo, que contribuiu para a formação de sua identidade, desde os pequenos acontecimentos ou costumes dos grupos populares aos grandes marcos históricos assim prevalece o que disse Aluísio Magalhães “a cultura brasileira não é eliminatória, é somatória”(Aluísio Magalhães aput Verônica Nunes e Luís Lima). Então, tudo que revela uma trajetória histórica norteadora do futuro, outorgada de significados pelo homem deve ser percebido como bens pertencentes a uma comunidade.
  Nas relações estabelecidas entre os membros da comunidade deve-se evidenciar a urgência em preservar a herança patrimonial, pois só é possível dela usufruir quando a reconhece no modo de ser, dos indivíduos e dos grupos, exprimível no respeito à história e à natureza. Na escolha de seus domínios culturais a comunidade, consciente, percebe que não
deve preservar apenas o que revela a antiguidade, mas tudo que a representa de modo atingível tornando-se assim um relevante exercício de cidadania.
  No cuidar do Patrimônio deve-se considerar o tombar, o restaurar e não simplesmente o guardar. O Estado dispõe de dispositivos legais para subsidiar a comunidade nas ações de integridade e preservação das propriedades culturais. O material é registrado em um dos quatro livros de Tombamento, de acordo a caracterização do bem. O tombamento tem o inventário como instrumento adicional, que o auxilia no processo de conscientização da comunidade e do poder público sobre a essencial necessidade de preservação. Os bens imateriais têm registro em livros e são acompanhados de inventários que podem ser gravados, filmados ou fotografados. E, de acordo a necessidade, pode haver a intervenção ao Patrimônio como intuito de restaurá-lo.
  Enfim, deve haver entre o patrimônio e a comunidade uma espécie de cordão umbilical onde o homem, ser social, estabelece uma relação de vida imbuída de sentimentos, de valores e de cuidados que espontaneamente entrelaça passado, presente e futuro. Aproximam-se tanto que acaba não sendo dois, história e povo, e sim a sua própria identidade.

Paula da Silva Brito Alves (Curso de Licenciatura em História à Distância - Pólo de Estância - CESAD-UFS-2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário